quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Discuta as grandes questões da vida

No meio do debate entre teístas e ateístas, entre criacionistas e evolucionistas, percebo um fenômeno: ou a discussão gira em torno do “científico” (artigos, pesquisas, autores, etc) ou em torno do “filosófico” (as premissas que proporcionam interpretações diferentes para um mesmo dado).

Ateus e evolucionistas seqüestraram a discussão cientifica: eles acham que dominam essa área, definem termos, determinam as regras do debate e julgam quais argumentos são válidos ou não usando suas próprias pressuposições como padrão. O resgate da ciência não passa apenas pela discussão científica, a grande batalha se trava no campo filosófico.

A propaganda anda tão ao gosto de Goebbels que já andam confundindo ciência com ateísmo e ciência com naturalismo filosófico, e fazem ar de “que absurdo!” quando você discorda e mostra que “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa” (como diriam os grandes filósofos-comentaristas de futebol na tv).

Tenho percebido que quando o cristão conduz sutilmente a discussão para o campo filosófico, o cético se sente desconfortável a medida em que se aproxima das questões metafísicas. Isso se deve ao fato de que o acaso e falta de propósito, o relativismo moral ilimitado e a desconcertante "certeza" de que o universo e a vida não têm nenhum significado nem propósito não dão terreno sólido a ninguém.

Eles não gostam de discutir as grandes questões metafísicas. Exatamente por isso: discuta questões filosóficas.

Mas para isso, você precisa conhecer a sua cosmovisão. Cristianismo não é a sua religião de fim de semana, é a sua visão de mundo. Não existe nenhuma área da sua vida em que o cristianismo não deva se meter. Enquanto continuarmos dividindo nossa vida em compartimentos estanques, o cristianismo sera apenas um detalhe místico e estranho da sua vida.

Nos meios academicos ouvimos frases como "O professor X é crente, mas é muito inteligente", ou "eu sou cristão, mas no laboratório eu faço ciência como um ateu". Por que insistimos em aceitar (e por vezes colocar) esses "mas" nessas frases?

Deixe de ser apenas um religioso em pedaços, e torne-se um cristão inteiro, de verdade. Viva o cristianismo em imersão total. Desse modo, você terá mais condições e mais autoridade para levar os descrentes a refletirem sobre as grandes questões da vida: as questões metafisicas.

Resumida aqui na incrível composição de Mario Jorge Lima e Lineu Soares: "Escolhi acreditar"

3 comentários:

  1. Olá Vanessa?

    Não acho que suspender os juízos para se pensar algo possa trazer algum prejuízo. (sem trocadilhos).
    Olha, quando afirmo para muitos colegar para efetuarmos a suspensao dos juízos (inclusive os religiosos) para pensarmos sobre diversas questões, é porque utilizo isso como instrumental, como uma heuristica, uma metodologia.
    Existem extremos e nem sempre os extremos são bons conselheiros. Efetuar uma suspensão dos juízos nao é ser um praticante religioso apenas no final de semana, muito menos um cristão que trai suas convições; mas acima de tudo uma pessoa capaz de compreender que convicções podem ser perigosas. E convicções religiosas (assim como outras) são muito perigosas na busca do que é cognoscível.
    Penso da seguinte forma: Se o que no meu mais íntimo ponho a crer for verdadeiro, de alguma forma irei esbarrar com isso ao suspender (dentro do que for humanamente possível) o que tenho como crença e pensar além do que elas podem me deixar pensar. Não se deve temer. É apenas um método. Não é obrigada a aceitar, mas julgo que tem funcionado muito bem.

    Abraços,

    Arnaldo.

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  2. Ola Vasconcellos,
    O que você propõe é impossível de ser implementado por um motivo bem simples: é impossível pensar em cima do nada. Sempre haverá um ponto de partida, uma pressuposição, um axioma. Ate mesmo o modelo sugerido por você tem um ponto de partida: a crença implícita de que nenhuma cosmovisão é absolutamente verdadeira (o que inclui a sua).

    Como é possível suspender os juízos para se pensar algo?
    Creio que a tua proposta redunda em trocar temporariamente um juízo por outro.
    Qual a justificativa para se trocar uma pressuposição por outra? Qual o critério?

    Li o teu texto e gostaria de entender melhor tua ideia.

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  3. Vanessa, sim existe um ponto que é impossível.
    Quando você diz que nenhuma cosmovisao é verdadeira inclusive a minha (acredite tive uma conversa dessas com minha esposa), mas não é necessariamentre trocar um juízo pelo outro.
    No meu artigo "arnaldo.networkcore.eti.br/?p=589" eu afirmo claramente que isso deveria ser feito dentro do "humanamente possível".
    Penso da seguinte forma, que se admitirmos dentro do que é possível suspender (suspender todos os juízos é praticamente impossível, certo) mas supor uma forma metódica de fazer até o ponto em que pudermos permite não sermos influenciados por nossas cosmovisões e manter o cerne da dúvida. Não a dúvida pela dúvida, mas sim aquela para nortear metodicamente o que for possível racionalmente.
    Ela seria autocrítica. A partir do momento em que for detectada que ela não ajudaria numa heuristica, poderia ser deixada de lado.
    Preste bem atenção: estou propondo fazê-lo dentro dos limites que nos são impostos.
    Se posso fazê-lo e isso ajudar numa investigação qualquer, é preferível. Não é apenas trocar de cosmovisões: é apenas utilizar heuristicamente dentro do limite que nos pudermos achar.
    E isso é interessante, pois não falando nada de impossível. Fazer dentro de nossos limites é tentar olhar um pouco além do que estivermos acostumados a receber como respostas prontas. Particularmente acho algo muito interessante de fazê-lo. Por isso eu digo que não é trair no que você acredita; até porque se estiver certo em sua cosmovisão ela será corroborada de alguma forma (se puder fazê-la por meio de uma investida investigativa).
    Vou escrever um outro artigo explicando melhor. Espero sua leitura,

    Abraços,

    Arnaldo.

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