terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Ande a segunda milha: reduza ao absurdo

por Isaac Malheiros
“Se alguém te obrigar a andar uma milha, vai com ele duas” (Mt 5.41).

As idéias têm conseqüências. Numa discussão é sempre bom mostrar as conseqüências das idéias erradas do seu “adversário”. Em argumentação e lógica, existe um modo muito eficaz (e divertido) de fazer isso e refutar as idéias de um oponente: a redução ao absurdo.

Basicamente, “redução ao absurdo” significa mostrar ao oponente que se ele estiver certo em alguma premissa, o resultado do desenvolvimento da sua idéia é algo absurdo, contraditório, impossível, ilógico. Podemos, assim, concluir que a premissa não é verdadeira.

Funciona assim:
1) “Ok, Sr. Relativista: não existe verdade absoluta.
2) “Suponhamos que todas as verdades sejam de fato relativas à cultura e às experiências do indivíduo ou do grupo, etc”.
3) "Isso inclui a afirmação ‘não existe verdade absoluta’ e a própria declaração 2)"
Conclusão: "a sua própria teoria sobre a verdade é apenas reflexo cultural ou fruto de sua experiência, e ninguém precisa concordar com você, pois trata-se apenas de opinião, verdade subjetiva culturalmente restrita."

Você começa usando premissas com as quais o seu oponente concorda. Então você acrescenta a premissa chave: aquela que o oponente acredita ser verdadeira, mas você acha que é falsa. Então você demonstra que o resultado de usar aquela premissa é uma contradição.

Parafraseando Jesus: "Se alguém quer te convencer do relativismo moral, ande com ele até a pedofilia, o genocídio, a bestialidade, o caos generalizado que será a consequência de suas idéias."

Ou ainda: "se alguém caminha com você até o ateísmo, não pare por aí: vá com ele até às desastrosas consequências lógicas, metafísicas, morais, epistemológicas, etc de suas idéias ateístas."
Isso é muito útil especialmente quando algum gênio quer provar que não existem leis da lógica, usando as leis da lógica. Ou quando querem mostrar que é verdade que não existem verdades. Ou quando querem dizer em português: "eu não sei falar nenhuma palavra em português" ou qualquer outra contradição absurda e engraçada (mas incrivelmente levada a sério nos meios acadêmicos...).

Diante de uma redução ao absurdo, o seu oponente pode apenas desistir de usar aquelas premissas, mas não precisa mudar de crença. Desse modo, se você reduz a argumentação de um ateu ao absurdo, ele poderá continuar ateu, mas nunca mais irá usar aquele argumento de novo com você por perto.

Redução ao absurdo é andar a segunda milha intelectual. É levar o seu amigo cético a ir além do superficial “Deus não existe”, e ver as consequências lógicas disso.
Ande a segunda milha. É útil, e divertido.

Nos comentários desse post há um exemplo de “redução ao absurdo” feito por esse autor, um pouco desorganizado, mas divertido.

8 comentários:

  1. Nem preciso dizer q este post é excelente e q nunca havia pensando, nem jamais pensaria, nesta passagem por este ângulo.

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  2. é apenas a aplicação do princípio por trás das palavras de Jesus.

    O cara quer te levar ao evolucionismo, você não oferece resistência alguma e o acompanha gentilmente no passeio.

    Mas depois você o chama: "ei, por que parar por aqui? Vamos continuar nesse teu caminho e ver onde vai dar logicamente!"

    Aí vem a parte mais legal: empurrá-lo carinhosamente no vale de cactos contraditórios ao fim da estrada, e deixá-lo tentar sair de lá sozinho.

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  3. Filosofia Moderna só enrola! Não comprova nada! Evolucionismo já está devidamente comprovado com milhares de provas! Inclusive muitas autoridades da ICAR já aceitam a T.E., pois não querem incorrer no mesmo erro do Geocentrismo! O foco deles agora é outro: Que a Evolução não refuta o Criacionismo! Atualize-se!. Antes que escrevas bobagem: Na Ciência, Teoria=Lei, não há hierarquia entre elas, pois uma pode comprovar e explicar a outra.

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    1. Ah sim. O cristianismo é uma filosofia "moderna" hahaha
      "Evolucionismo comprovado com PROVAS", "geocentrismo" = ????

      Gostaria de ver a PROVAS e saber o q eu tenho a ver com o geocentrismo.

      O que eu tenho a ver coma ICAR?

      E sobre teorias e leis científicas: quem mencionou isso aqui além de você?

      Fernando Ronin: a síntese da confusão mental absoluta, e a capacidade de falar sobre o que NÃO está sendo dito.

      Sobre a redução ao absurdo, nenhum comentário?

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  4. Estás deturpando o que eu disse: que a Filosofia Moderna está sendo utilizada por teólogos cristãos para desviar o foco da ausência de provas da existência de Jesus Lixo e Gay.
    Estás viciada em falácias do tipo "Ad Hominem"!
    Fazer uso de Filosofia enrolativa não te fará comprovar a existência de Jesus Lixo e Gay!.
    Pesquise por Blenídeos/Cientistas retroagem na evolução das nadadeiras de um peixe,etc,etc,etc,.
    Venha nos visitar aqui: www.ceticismo.net. Sayonará!.

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  5. http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/paguei-pra-ver

    Quando iniciei a minha pesquisa histórica acerca da origem do cristianismo senti-me profundamente incomodado com a historiografia oficial. Um não crente como eu percebe prontamente que essa historiografia está seriamente contaminada pela fé. O acatamento da Bíblia não é científico. Claro que o propósito da nossa cultura era lastrear a fé cristã e fortalecê-la constantemente. Para isso, serviu-se da história como um mero instrumento utilitário de convencimento. Se a Igreja dissesse que preto era branco, todos tinham que acreditar piamente. Especialmente os professores, que eram sustentados por ela. Não havia escola que não fosse cristã.

    Não é difícil imaginar o resultado disso séculos a fio. Desse modo, o absurdo passou a se tornar natural, pois a proteção à fé estava acima de tudo. É ai que surge uma questão moral da maior relevância pela sua contradição: a obrigação da academia seria zelar pelo ensino honesto de história [a honestidade é um dos valores basilares do cristianismo] ou dar guarida às necessidades da religião, por mais justificável que isso possa parecer?

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  6. http://cafehistoria.ning.com/profiles/blogs/paguei-pra-ver

    Quando iniciei a minha pesquisa histórica acerca da origem do cristianismo senti-me profundamente incomodado com a historiografia oficial. Um não crente como eu percebe prontamente que essa historiografia está seriamente contaminada pela fé. O acatamento da Bíblia não é científico. Claro que o propósito da nossa cultura era lastrear a fé cristã e fortalecê-la constantemente. Para isso, serviu-se da história como um mero instrumento utilitário de convencimento. Se a Igreja dissesse que preto era branco, todos tinham que acreditar piamente. Especialmente os professores, que eram sustentados por ela. Não havia escola que não fosse cristã.

    Não é difícil imaginar o resultado disso séculos a fio. Desse modo, o absurdo passou a se tornar natural, pois a proteção à fé estava acima de tudo. É ai que surge uma questão moral da maior relevância pela sua contradição: a obrigação da academia seria zelar pelo ensino honesto de história [a honestidade é um dos valores basilares do cristianismo] ou dar guarida às necessidades da religião, por mais justificável que isso possa parecer?

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