domingo, 31 de janeiro de 2010

Por que fazemos o que fazemos por Jesus?

por Isaac Malheiros

Após realizar uma campanha evangelística, uma cantata desgastante, uma visita a alguém no leito de morte ou qualquer outra atividade "religiosa" que me canse, um pensamento recorrente me surge: "por que eu continuo fazendo isso?"

Por vezes coloco numa planilha mental os gastos e desgastes, os sonhos menores dos quais tive que abrir mão, a distância da família e dos amigos e todo o "preço" de servir a Jesus em tempo integral. Um momento crucial para mim foi num quarto de hotel na cidade da Beira, em Moçambique, após um dia intenso de visitas e pregação. Tudo havia dado errado naquele dia, dei o melhor de mim e não vi resultados e nem reconhecimento do meu esforço.

Eu abri mão de uma carreira promissora (e certamente muito mais recompensadora financeiramente) como engenheiro, me considerava um sério candidato a intelectual, e tinha dificuldades de não ser ridicularizado pelos ex-colegas de faculdade quando lhes contava que havia decidido ser um ministro do evangelho. Pensando sobre o que eu poderia ter sido, estranhamente não senti arrependimento ou remorso da opção que fiz.

Nem mesmo me senti menos animado a me levantar no dia seguinte e levar mais uma vez a Palavra de Jesus às pessoas. Entenda-me: a pergunta "por que eu faço isso?" não é no sentido negativo de "por que faz isso, seu estúpido?" É num sentido de "eu não entendo, deveria estar me sentido mal, mas me sinto maravilhosamente bem e realizado!"

"Porque o amor de Cristo nos constrange..." (2 Co 5:14)

Por que fazemos o que fazemos por Cristo? Por que continuamos, apesar das circunstâncias? Porque o amor de Jesus por nós nos motiva, nos impele, nos impulsiona a isso. Basta pensar em quem é Jesus, em quem sou eu e no que ele fez por mim, que não tem saída: é constrangedor. É um amor tão grande e um sacrifício tão sublime que "ai de mim se não pregar o evangelho" (1 Co 9:16). Parar não é uma opção, desistir não é sequer cogitado por quem teve um vislumbre de Jesus Cristo.

Sentado na cama do hotel, encontrei no meu notebook algumas músicas, e essa me trouxe a resposta que gostaria de compartilhar com você.

Marcos Witt - Es por tí


Leia também: Jesus não vai ficar me devendo nada

Eu sobrevivi a uma apresentação hardcore/punk

Em 2005 trabalhava no Colégio Adventista de Florianópolis, e eu e meu marido fomos convidados por alunos para assistir a apresentação da banda de "punk-hardcore-de-crente" deles. Eles eram evangélicos e iriam tocar num evento chamado "Caverna de Adulão".

O lugar não tinha esse nome sem motivo...
Navegando no youtube encontrei por acaso um vídeo que descreve com exatidão o que aconteceu. Com exatidão mesmo: o lugar é parecido, eles tocaram exatamente essa música, chutes e cotoveladas involuntárias nos atingiram como no vídeo (a 1:12"). A única diferença é que eu não estava tão empolgada quanto a menina do vídeo. Ah, e o vocalista aí é a cara do Paulinho (o ex-aluno guitarrista). Depois de 4 músicas de fortes emoções, saímos em busca de um lugar mais monótono heheh

Esse post foi só pra matar a saudade da galera de Floripa...
Aproveita e ouve o som do Slickshoes aí (pela net é mais seguro..):

Adventistas: vítimas e heróis no Haiti

Reportagem da "FOX News" sobre a atuação de haitianos adventistas na ajuda humanitária às vítimas do terremoto (aguarde o fim da publicidade no início do vídeo). Eles cantam em meio à tribulação:



Abaixo, um relatório enviado por líderes adventistas haitianos aos líderes da Divisão Interamericana em 20 de janeiro de 2010. O relatório demorou, pois estavam sem comunicação. Continuemos orando e trabalhado por esse sofrido povo e em especial por nossos irmãos em Cristo que ali estão.

RELATÓRIO:
•Adventistas mortos - 522, sendo 450 jovens.
•Adventistas desabrigados - 27 000
•Adventistas que perderam tudo, e estão apenas com a roupa do corpo - 12 000
•Adventistas feridos - mais de 580
•Igrejas completamente destruídas - 55
•Igrejas parcialmente destruídas - 60
•Universidade - seriamente danificada, e ainda recebeu, em seu campus, 20 000 refugiados


O Hospital Adventista é o único em funcionamento em Porto Príncipe, e serve de base para várias equipes médicas internacionais. O Hospital Adventista precisa de recursos para atender á grande demanda. Para ajudar, acesse o site da ADRA e faça a sua doação através de cartões de crédito.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Defesa prática do cristianismo integral

O cristão deve harmonizar os vários aspectos de sua vida intelectual a fim de se tornar uma pessoa integral, não-fragmentada. Estamos escrevendo sobre isso desde o inicio desse blog.

No entanto, algumas objeções tem sido feitas por ateus, cristãos e outros. Alguns sugerem que a pessoa não deve misturar suas convicções religiosas com suas convicções acadêmicas. Outros sugerem que a ciência é o padrão pelo qual se julga a teologia e a filosofia, e que a religião fica livre para “pensar” apenas nas áreas onde a ciência ainda não tem nada a dizer.

Não vamos aqui analisar e refutar cada objeção levantada. Mantemos nossa posição a favor da coerência: não se pode acreditar numa coisa na igreja e em outra na sala de aula, no escritório ou no consultório.

Um leitor sugere a “suspensão do juízo como heurística”, o que parece uma boa idéia pois muitas pressuposições se revelam falsas e ilógicas quando confrontadas. Podemos até abrir mão de nossas pressuposições quando fazemos exercícios mentais numa discussão. O cristão pode raciocinar como um ateu a fim de fazer especulações filosóficas e científicas. A dúvida e o ceticismo metodológico tem espaço dentro da cosmovisão cristã.

No entanto, ninguém leva a vida real absoluta e consistentemente desse jeito. Nem mesmo os que fizeram tais objeções ao que escrevemos aqui. Todos partem de um ponto, um primeiro princípio, a fim de raciocinar e buscar o conhecimento. Ninguém faz "suspensão do juízo" completa e absolutamente, pois cairia num vórtice de irracionalidade.

Diante de questões cientificas teóricas, éticas e decisões que envolvam conceitos filosóficos, os críticos desse blog não praticam coerentemente o que pregam: jamais se permitiriam abrir mão totalmente de suas pressuposições.

Isso pode ser observado quando um psicólogo age como se livre arbítrio existisse de fato. Bem, para ser coerente com a sugestão dos relativistas, ele deveria tentar agir também como se o determinismo (genético, condicionamento) fosse verdade, o que traria uma confusão e comprometeria sua carreira. Na pratica, ele tem uma pressuposição (livre arbítrio e responsabilidade moral existem) e trabalha consistentemente sobre ela.

Os políticos deveriam abrir mão de suas convicções e tentar outras abordagens, até mesmo as mutuamente contraditórias. A crença em princípios como justiça individual e meritocracia poderia ser “suspensa” a fim de se experimentar as idéias de Hugo Chavez e Idi Amim. Mas na pratica, o político tem suas pressuposições e trabalha consistentemente sobre elas.

O pedagogo pode concordar com os relativistas e achar o discurso bonito, mas ele não matricularia seus filhos em qualquer instituição de ensino, sem se preocupar com a filosofia de educação e a abordagem pedagógica daquela escola. Na pratica, o pedagogo tem suas convicções sobre a natureza humana, a natureza da verdade e do conhecimento. Ele tem suas pressuposições e não fica “suspendendo o juízo” a cada inicio de ano letivo.

O professor de biologia pode definir o ser humano apenas como um animal membro da classificação Homo Sapiens, mas não age como se os seus alunos, ou seus próprios filhos, fossem apenas isso. Há pressuposições e convicções mais profundas envolvidas em teorias sociológicas, econômicas, psicológicas, etc.

A própria ciência assume que existe um universo organizado e inteligível, que os sentidos e a mente são confiáveis, que as inferências indutivas são legitimas, que a verdade existe e pode ser conhecida, etc. Essas pressuposições são assumidas, não-provadas, e ninguém “suspende o juízo” a cada vez que entra no laboratório ou na sala de aula.

O próprio relativista tem convicção de que o relativismo é legitimo, e faz suas objeções ao cristianismo baseado nas suas firmes pressuposições relativistas!

Portanto, o discurso relativista cai num poço de irrelevância tanto na vida pratica quanto no mundo estritamente racional. Então por que cristãos ainda insistem em aceitar passivamente as sugestões dos relativistas e até mesmo defende-las?

Todo mundo tem suas convicções e as defende sobre a plataforma de suas pressuposições. Só o cristão alienado é que não percebe que age como irracional ao se juntar ao coro dos céticos e relativistas "convictos" que sugerem a "suspensão do juízo" cristão enquanto mantem o seu próprio juízo intacto.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Ninguém mais, só Jesus...

Foi um grande espetáculo: luzes, fumaça, brilho, som do céu...
Aquele “evento” causou um impacto tão inesquecível nas pessoas ali presentes que depois de muitos anos ainda se lembravam e comentavam eufóricos (2 Pe 1:18; Jo 1:14 e At 4:20).

Ao final do “espetáculo”, a Bíblia descreve que:

“E erguendo eles os olhos, não viram mais ninguém a não ser Jesus.” Mt 17:8

O texto se refere à transfiguração de Jesus, quando ele resplandeceu e encontrou-se com Elias e Moisés. Sugiro uma aplicação bem simples: ao final de cada evento na igreja, ao erguermos os olhos, não deveríamos ver mais ninguém a não ser Jesus. Nem a beleza estética, nem a técnica da performance, nem o carisma de seres humanos - Jesus, e só ele, deveria ser o centro das atenções. Só Jesus.

Imagine uma descrição assim de um culto em sua igreja:

"Então o coral cantou maravilhosamente bem, o pastor fez um lindo sermão e um poderoso apelo. Ao término do culto, após a oração final, erguendo eles os olhos, não viram mais ninguém a não ser Jesus..."

Você, diretor de coral, líder de louvor, músico, pastor ou whatever... busque isso com todas as suas forças!

Resumido pelo Avalon – In Christ Alone (saudades do Vivace Coral de Floripa…)

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Discuta as grandes questões da vida

No meio do debate entre teístas e ateístas, entre criacionistas e evolucionistas, percebo um fenômeno: ou a discussão gira em torno do “científico” (artigos, pesquisas, autores, etc) ou em torno do “filosófico” (as premissas que proporcionam interpretações diferentes para um mesmo dado).

Ateus e evolucionistas seqüestraram a discussão cientifica: eles acham que dominam essa área, definem termos, determinam as regras do debate e julgam quais argumentos são válidos ou não usando suas próprias pressuposições como padrão. O resgate da ciência não passa apenas pela discussão científica, a grande batalha se trava no campo filosófico.

A propaganda anda tão ao gosto de Goebbels que já andam confundindo ciência com ateísmo e ciência com naturalismo filosófico, e fazem ar de “que absurdo!” quando você discorda e mostra que “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa” (como diriam os grandes filósofos-comentaristas de futebol na tv).

Tenho percebido que quando o cristão conduz sutilmente a discussão para o campo filosófico, o cético se sente desconfortável a medida em que se aproxima das questões metafísicas. Isso se deve ao fato de que o acaso e falta de propósito, o relativismo moral ilimitado e a desconcertante "certeza" de que o universo e a vida não têm nenhum significado nem propósito não dão terreno sólido a ninguém.

Eles não gostam de discutir as grandes questões metafísicas. Exatamente por isso: discuta questões filosóficas.

Mas para isso, você precisa conhecer a sua cosmovisão. Cristianismo não é a sua religião de fim de semana, é a sua visão de mundo. Não existe nenhuma área da sua vida em que o cristianismo não deva se meter. Enquanto continuarmos dividindo nossa vida em compartimentos estanques, o cristianismo sera apenas um detalhe místico e estranho da sua vida.

Nos meios academicos ouvimos frases como "O professor X é crente, mas é muito inteligente", ou "eu sou cristão, mas no laboratório eu faço ciência como um ateu". Por que insistimos em aceitar (e por vezes colocar) esses "mas" nessas frases?

Deixe de ser apenas um religioso em pedaços, e torne-se um cristão inteiro, de verdade. Viva o cristianismo em imersão total. Desse modo, você terá mais condições e mais autoridade para levar os descrentes a refletirem sobre as grandes questões da vida: as questões metafisicas.

Resumida aqui na incrível composição de Mario Jorge Lima e Lineu Soares: "Escolhi acreditar"

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Músico: sirva em outros ministérios

Existe uma boa discussão a respeito de: "musica pode ser considerada um dom espiritual?"
Não pretendo dar a resposta aqui, mas sugiro que o músico se encaixa em qualquer habilidade espiritual prevista na Biblia, mas pode ser inserido especialmente nos dons de Efésios 4:11-12, especificamente como apóstolo, profeta, evangelista, pastor e mestre.

Existem dois eventos do Antigo Testamento que sugerem essa versatilidade e flexibilidade.

Nos dias de Ezequias (II Cr.29 e 30)
Na restauração do culto ao Senhor promovida pelo rei Ezequias, os levitas (músicos e cantores) auxiliaram os sacerdotes nos sacrifícios, pois não havia sacerdotes suficientes. Os levitas assumiram a função sacerdotal, claro que dentro dos limites, isto é, fora do véu. Por isso, foram elogiados por Ezequias, pois “tinham entendimento no bom conhecimento do Senhor” (II Cr.30:22). Sacerdotes e levitas atuaram juntos, em harmonia. E, ao final, abençoaram o povo, e a sua oração “chegou até à santa habitação de Deus, aos céus”.

O músico cristão deve tirar daí uma grande lição: ele deve estar preparado para assumir cargos de liderança, ensino e pregação também. Deve apresentar-se como “obreiro que maneja bem a Palavra” (II Tim.2:15). O que temos notado é que a maioria dos músicos dedica-se apenas à música e negligencia a oração e o estudo da Bíblia. Por isso, quando se atreve a falar, ensinar, aconselhar ou pregar, é um desastre...

É impressionante a superficialidade espiritual de alguns músicos e cantores! Ora, a congregação não é insensível a isso, e quando alguém que não conhece e nem valoriza a Palavra de Deus começa a cantar, soa totalmente falso e o efeito da mensagem é anulado. Isso ocorre porque tal musico não tem prazer na Lei do Senhor, nem medita sobre ela dia e noite (Sal.1:2).

Durante a purificação do templo, os músicos e cantores (filhos de Asafe, Hemã e Jedutum) não ficaram de braços cruzados esperando os outros terminarem a obra. Os sacerdotes tomavam a imundícia (ídolos pagãos) que encontravam dentro do templo e colocavam-na no pátio, os levitas a levavam do pátio para o ribeiro de Cedrom – foi um grande esquema de mutirão (II Cr.29:12-19). Que bom seria se esse fosse o espírito de todos os obreiros do Senhor, inclusive dos músicos!

Após o período de emergência, no qual o improviso fez-se necessário, Ezequias organizou e regulamentou o trabalho no templo. Dividiu os turnos dos sacerdotes e dos levitas de acordo com a norma que fora estabelecida por Davi. O lema foi: cada um no seu ministério (II Cr.31:2). Desta experiência, aprendemos que o músico deve ter disponibilidade e preparo para atuar em outras áreas alem da musica.

Nos dias de Josias (II Cr. 34 e 35)
Josias era criança quando começou a reinar em Judá, tinha apenas oito anos de idade. Mas desde cedo demonstrou um profundo senso de religiosidade. Ele herdou das mãos de seu pai Amom um reino totalmente corrompido, idólatra e impenitente. Aos 26 anos, ele iniciou as obras de restauração do templo de Salomão. Organizou uma equipe para gerenciar a reparação do templo, e mais uma vez os levitas agiram com desprendimento e diligência.

Os músicos levitas deixaram os instrumentos e foram para as frentes de trabalho. Durante a construção, eles não ficaram tocando ou cantando enquanto os demais trabalhavam, mas auxiliando “em qualquer sorte de trabalho” (II Cr.34:12 e 13). Qual lição poderíamos extrair dessa experiência? A mesma que aprendemos com os levitas dos dias de Ezequias: o preparo e a disposição para servir em áreas diferentes na obra do Senhor.

Mas a organização voltou após a construção (II Cr.35). Os ministérios foram restabelecidos e cada um tomou a sua posição na casa de Deus.

“Não necessitavam de se desviar do seu serviço, pois seus irmãos, os levitas, preparavam o necessário para eles.” (v.15)

Na obra de Deus, se cada um assumir a sua posição dentro do seu ministério, ninguém precisará de desviar-se do seu serviço para cobrir a falta do outro. Se cada um “ficar na sua” fielmente, ninguém será sobrecarregado. Devemos reconhecer que a música só adquire importância quando as necessidades básicas da comunidade são satisfeitas, por isso o músico cristão deve dar prioridade à edificação basilar da igreja. E se para isso ele tiver que guardar seu instrumento ou calar momentaneamente o seu canto, que o faça sem protestos.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Pós-modernos respondem: o que você pensa da igreja?

Perguntaram a 20 pessoas de conceitos pós-modernos: "O que você pensa da igreja?"
Veja as respostas.


O vídeo é muito bom.
Chutaram o balde no final ao escreverem "vamos deixar o cristianismo de lado".
No entanto, vale fazer boas reflexões sobre as respostas dadas.

Como igreja, não devemos nos deixar orientar apenas pela opinião das pessoas sobre nós. Mas ouvir o que os "de fora" pensam de nós pode nos ajudar a diagnosticar erros e pecados imperceptíveis aos olhos dos que estão "dentro".

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

“Ninguém nunca matou em nome do ateísmo"

por Isaac Malheiros
“Ateísmo nunca fez mal a ninguém!”
“Ateus nunca saíram por aí matando pessoas”
“Ateus mataram religiosos em nome do comunismo, não em nome do ateísmo”, dizem os críticos da religião, ignorando toda a doutrinação anti-religiosa impulsionada pelo aspecto ateísta do regime.

Essas frases aparecem sempre, em formas semelhantes, em conversas e debates entre cristãos e ateus.

Pessoalmente, não gosto quando a discussão chega a tal nível, pois me parece pouco racional ficar discutindo quem matou mais. O que me importa isso? Se o cristianismo é logicamente verdadeiro, não me importa se todos os cristãos virarem maníacos assassinos de um dia para o outro. A veracidade do cristianismo não deveria ser medida pela incompetência dos cristãos em viverem de acordo com os princípios ensinados por Jesus Cristo. E isso também vale para qualquer outra cosmovisão (e aqui esta o problema dos que defendem uma cosmovisão naturalista: não há base objetiva para conceitos morais).

A questão não é “quem fez mais maldades?”, mas “o que fizeram estava de acordo com a cosmovisão que professavam?”

No entanto, para que você não tenha mais que ficar ouvindo essas frases ateístas, apresento-vos Enver Hoxha – o responsável pelo primeiro estado ateu do mundo.
A Albânia de Enver Hoxha soma-se aos feitos ateístas já bem conhecidos de Mao Tse-Tung, Stalin, PolPot e toda aquela lista que você já deve conhecer.

Mas o caso da Albânia de Enver Hoxha é diferente. Trata-se de ateísmo aberta e oficialmente instituído, como um item importantíssimo da agenda política. O Estado declarou como crime qualquer espécie de expressão religiosa. Os métodos usados foram a tortura e a perseguição, e milhares de cristãos foram assassinados pelo regime oficial e declaradamente ateu.

Examine você mesmo a Constituição Albanesa de 1976 nesse link.

O artigo 37 diz:
“O estado não reconhece nenhuma religião e apóia a propaganda ateísta para o propósito de inculcar a visão de mundo do materialismo cientifico no povo.”

O artigo 55 diz:
“A criação de qualquer tipo de organização de caráter fascista, anti-democratica, religiosa e anti-socialista é proibida.
Atividades e propagandas fascistas, anti-democraticas, religiosas, belicistas e anti-socialistas, bem como o incitamento ao ódio nacional e racial estão proibidos.”

Quando confrontados com Stalin, Mao ou Pol Pot, a tática dos neo-ateus é bem simples: jogar toda a culpa no socialismo, no comunismo ou em qualquer outro item da agenda política a fim de livrar o ateismo. Mas Enver Hoxha não deixa margens para essa manobra de fuga: ele claramente suprimiu a religião para promover o ateísmo. Ele perseguiu, prendeu e matou assumidamente em nome do ateísmo.

Leia artigo sobre o livro-reportagem do pastor e jornalista Jonatas Lincoln Ferreira intitulado A Fé nos Bálcãs. A origem e o estabelecimento da Igreja Adventista do Sétimo Dia num País Ateu clicando aqui.

(Para completar, você poderia apresenta-lo a um outro ateu nervoso: Tomás Garrido Canabal , mas deixemos esse para um outro post.)

Que objeções o ateu poderia fazer? É difícil ate imaginar.

1) “Os cristãos mataram bem mais gente em nome de Deus” – Essa informação não corresponde absolutamente aos dados históricos disponíveis. No entanto, numa conversa informal, dificilmente você terá os dados corretos a mão. Mas nem precisa, pois a objeção falha num ponto já abordado: cristão não tem base na doutrina cristã pra matar ninguém. As Cruzadas, por exemplo, foram uma clara e inequívoca desobediência aos ensinos de Jesus Cristo. Em poucas palavras: o cristão genocida contradiz os claros princípios estabelecidos por Cristo. O ateu genocida não contradiz nada, ele esta plenamente justificado e de acordo com sua cosmovisão.

Enver Hoxha e outros ateus genocidas foram coerentes com sua cosmovisão, não ferindo nenhum principio.

2) “O Deus do Antigo Testamento é o maior genocida de todos.”
Deixando de lado a resposta teologicamente sofisticada, indico algumas respostas que cabe bem em conversas informais.
“E daí? Mesmo se for verdade, isso por acaso inocenta os ateus?” ou
“Então você acha que a existência de Deus é tão factual quanto a existência de Enver Hoxha? Por que a comparação? Você passou a crer na existência de Deus agora?”

3) “Proporcionalmente, existem menos bandidos ateus no mundo do que bandidos cristãos”
Essa objeção é um truque, baseado em dados inexistentes ou duvidosos, e pode ser refutada de varias formas:
a. O neo-ateismo tornou nebuloso o significado de “ateu”. Nem os ateus sabem direito o que é “ateu”. Se o seu amigo acha que ateu é quem não crê em nenhuma divindade, então a objeção nasceu morta: ele deve considerar todos os budistas como ateus, por exemplo. E deve logicamente reconhecer que existem criminosos nas sociedades budistas, o que elevaria o índice de “bandidos ateus”.
b. Existem pesquisas que revelam o crescimento da taxa dos “sem religião” na população carcerária de São Paulo, a maior do Brasil. O numero de presos “sem religião” chega a ser o dobro dos “sem religião” na sociedade. Por tanto, proporcionalmente, existem mais presos “sem religião” do que “religiosos”. E se o amigo ateu disser que “sem religião” não significa necessariamente “ateu”, pergunte como ele pode fazer a afirmação 3) sem saber quantos dos “sem religião” são ateus, e volte para o item a. (veja algumas pesquisas sobre isso aqui e aqui)
c. Mesmo que ele tenha razão, ele não pode provar que crer ou não em Deus é o fator determinante para se cometer crimes. Outros fatores mais importantes podem estar envolvidos.
d. A existência do cristianismo nominal: se para ser cristão basta ter segurado uma Bíblia alguma vez na vida, então não existem ateus no mundo. Obviamente, muitos dos criminosos que se declaram cristãos não sabem sequer o que é cristianismo, trata-se apenas de tradição familiar, costume. Biblicamente, não existe a figura fantasmagórica do cristão “não-praticante”, e a Bíblia é quem define o que é um cristão.
e. Se você estiver com tempo e quiser entrar numa discussão sem fim, analise com seu amigo ateu alguns rankings internacionais de violência, como o Global Peace Index . Leve em conta fatores econômicos, religiosos, culturais e... divirta-se.

4) “Existem cristãos que matam em nome de Deus” – Existem pessoas que matam por dinheiro, por futebol e por amor.
Qualquer um pode matar em nome de qualquer coisa, mesmo em nome do ateísmo, conforme Enver Hoxa demonstrou. O ponto central é: a ação do criminoso é coerente com a sua cosmovisão ou a contradiz em algum ponto?

5) “Mesmo que o ateísmo esteja envolvido, nunca um ateu ligou suas ações violentas ao seu ateísmo. Por outro lado, teistas praticam violência abertamente em nome da religião”
Para refutar isso, basta um rápida lida em declarações como:

-"Nós odiamos o cristianismo e os cristãos." Lunatcharsky
-"Deus é uma mentira." Lénin
-"O homem que se ocupa em louvar a Deus se suja na sua própria saliva." Lénin
-"Deus é o inimigo pessoal da sociedade comunista." Lénin, carta a Gorki
-"No momento oportuno nós nos atracaremos com o senhor Deus. E o aniquilaremos, lá nos seus altos céus." Grigori Zinoviev
-“Nosso programa inclui necessariamente a propaganda do ateísmo” Lênin
-“Ouvi um torturador chegar a dizer: ‘Agradeço a Deus, em quem não creio, por poder viver até essa hora em que posso expressar todo o mal que há em meu coração”. Richard Wurmbrand, cristão torturado em prisões comunistas

Percebam que essa discussão tem a tendência de se alongar cada vez mais, pois trata de assuntos subjetivos, termos indefinidos, argumentos que são facas de dois gumes e dados discutíveis. Em certos momentos deixa de ser uma discussão estritamente racional e se torna uma disputa meramente retórica e emocional.

Mas se há alguém tentando convence-lo de que o ateísmo é a porta de entrada para o paraíso, esses argumentos acima servem para alguma coisa.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Ausência de evidencia não é evidência de ausência

A frase: “ausência de evidencia não é evidência de ausência” é correta em alguns casos, mas não pode ser generalizada. Na física teórica existem entidades postuladas para as quais ainda não existem evidência, mas ninguém afirma dogmaticamente que elas não existam. A frase se aplica a essa situação, pois com certeza há boas razões lógicas para se acreditar em tais entidades.

Analise a seguinte ilustração:

Existem casos em que a ausência de evidência é evidência de ausência. Se alguém afirmar que existe um hipopótamo na garagem do meu prédio, e eu descer até lá e não observar um hipopótamo entre os carros, teria uma boa e justificada razão para pensar que não existe hipopótamo algum ali.

Porém, se a afirmação for que existe um mosquito da dengue na garagem do prédio, então a minha falha em detectar tal mosquito não seria uma boa razão para pensar que de fato não há mosquito algum ali.

Obviamente, você percebeu a diferença entre os dois casos: no primeiro, espera-se ver imediatamente alguma coisa; no segundo, não. O segundo caso dá muito mais trabalho para se confirmar, pois teríamos que explorar meticulosamente a garagem em busca de evidências do mosquito.

Então, a ausência de evidência não é definitivamente evidência de ausência no caso do mosquito, mas é evidência de ausência no caso do hipopótamo. Claro que essa é uma ilustração limitada, não se aplica de modo tão simplório ao caso da existência de Deus, mas serve pra perceber que a frase não pode ser generalizada.

A discussão gira em torno da quantidade de indícios que temos e a quantidade de indícios que esperávamos ter se a tal “coisa” existisse. No caso de Deus, o teísta acha que temos indícios suficientes para crer. O ateu acha que não, e esperava mais e melhores indícios se um ser como Deus realmente existisse.

Temos aqui, no máximo, um ponto a favor da agnosticismo, não do ateísmo (apesar do swing ideológico e da infidelidade partidária que anda rolando entre ateus e agnósticos ultimamente).

Alguns ateus reclamam das evidências que temos, e exigem coisas do tipo:

-“Por que Deus não escreve ‘Eu existo’, em letra de fogo nos céus?”

-“Não seria mais fácil se Deus tivesse escrito ‘Feito por Deus’ em cada átomo?”

-“Deus não teria impedido a descrença se aparecesse todo dia à meia noite com luzes e show pirotécnico no espaço?”

No entanto, e em primeiro lugar, quem disse que Deus quer que as pessoas creiam na sua existência? Pode ser que Deus exista, mas não tenha como prioridade a crença ou descrença humana em sua existência, e por isso tenha dado apenas evidências suficientes para o que se propôs: um relacionamento espiritual.

Na verdade, a Bíblia não apresenta Deus se esforçando para convencer os homens de que Ele existe. Ela mostra Deus tentando estabelecer um relacionamento com o homem, baseado no amor (Rm 8:16 e 17). Claro que esse relacionamento só é possível se a pessoa crê que Deus existe, mas os demônios crêem que Deus existe, e isso não é virtude alguma (Tg 2:19).

Não temos motivos para acreditar que se Deus atendesse às exigências dos ateus, muito mais pessoas teriam um relacionamento de amor com Ele (Lc 16:30 e 31). Na Bíblia, grandes milagres e manifestações de Deus foram seguidas de grande apostasia e rejeição.

Se Deus atendesse hoje à reclamação ateísta, não há garantias de que isso mudaria a situação ao ponto de mais pessoas se salvarem. Por isso, o ateu não pode mais continuar usando frases como: “se um ser como Deus existisse, ele teria tornado sua presença mais evidente”.

Temos evidências lógicas suficientes para crermos em Deus e mantermos um relacionamento com Ele. A maior delas é histórica: a vida e ensino de Jesus Cristo. Sugiro começar por aí.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Cuidado dedinho o que posta...

Estava voltando de férias no final de semana passado e tive que dar um tempo no aeroporto de Congonhas. Tinha que esperar meu próximo vôo por duas horas.


Passeando, olhando vitrines, vi dois rapazes e tive a sensação que conhecia um deles. Era o Denílson, de Diadema. Ex-jogador do São Paulo e ex-Seleção Brasileira. Ele é um cara conhecido por seu carisma, simpatia. E pude comprovar isso.


Não! Não fui pedir autografo e nem incomodar o pobre jogador, mas fiquei de longe observando a tietagem. O Denílson, é de fato, um cara popular, simpático o tempo inteiro, tirava foto, distribuía autografo, abraços e beijos para fãs e para pessoas que nem sabiam exatamente quem ele era. Era tanta bajulação que perdi a paciência por ele e fui comprar alguma coisa.


E hoje estava refletindo... O Denilson atualmente está sem clube. Mas não creio que tanto sorriso e carinho com as pessoas, fosse uma tentativa de manter sua popularidade. Acho que não... Creio que ele agia naturalmente: ele é simpático, e por isso não precisou se disfarçar ou forçar uma imagem.


Mas é impossível não pensar em alguns nos cristãos que vejo pela internet. Sabemos que "a boca fala do que o coração está cheio" e de vez em quando, num post, num tweet, expressamos "o mal que não queremos fazer".


Porém, me irrita ver jovens que se dizem cristãos, que se esforçam para alcançar a popularidade na web. Eles fazem de tudo, usam palavrões, expressões chulas, opinam como experts sobre "sexo, drogas e rock'n roll", falam de assuntos que não dominam (ou não deveriam dominar), forçando para mostrar que se identificam com gente que não tem os mesmos objetivos que eles.

Ou pior: usam a igreja, seus irmãos ou o próprio Jesus para "causar" e se mostrarem "descoladinhos". Uma tentativa desesperada de fazer parte de um mundo que não deveria ser o nosso. Tentando desenvolver uma identidade falsa, para ter acesso a aplausos que nem são para eles.
Gosto da frase de Phillip Yancey que diz: “Deus mora dentro de mim e é a sua presença que me transforma, me orienta e me faz lembrar da minha verdadeira identidade”.
Qual é a nossa verdadeira identidade? Qual é nosso verdadeiro objetivo no twitter, no orkut, em nosso blog?

Pedro era amigo e seguidor de Cristo. Mas quando Jesus foi preso, Pedro tentou se enturmar com a galera que acompanhava o julgamento, a princípio discretamente.
- “Mulher, eu nem conheço esse homem!”

Conforme ia sendo reconhecido, ia forçando uma imagem do tipo “ei, pessoal, eu sou um de vocês” tentando fazer parte.

- “Homem, eu não sou um deles. Não sei do que você esta falando!”

Mas o modo de falar denunciava que Pedro não era um deles (Mt 26:73). Então a solução era acabar com aquele sotaque de crente: ele jurou, praguejou e blasfemou. Tudo com a intenção de mostrar a todos que ele era um “descoladinho simpático”.

Naquele momento, Pedro era uma falsa testemunha, em nada melhor que as falsas testemunhas que tentavam incriminar Jesus durante o julgamento.

Denílson, sentado em seu cantinho, foi reconhecido. E não negou quem ele era.

O resultado da historia de Pedro todos sabemos. Talvez, se Pedro vivesse hoje, a Bíblia traria:

“Então Pedro saiu do Twitter, desligou o pc e chorou amargamente”.
(Mt 26:75 adaptado)

Deus não é absurdamente onipotente


Um dos nomes de Deus é El-Shaddai: Deus Onipotente.
Baseados nesse conceito, alguns ateus propõem desafios lógicos como:

- “Deus pode criar uma pedra tão pesada que ele não consiga carregar?”
- “Deus pode criar um quadrado triangular?”
- “Deus pode forçar alguém a escolher livremente algo?”

E aí, quando o cristão tenta responder, rapidamente percebe que caiu numa armadilha aparentemente inescapável. Com alegria indisfarçável, o ateu puxa o às da manga e brada:

- "Então, se Deus não pode alguma coisa, ele não é onipotente!"

Relaxe: a armadilha é idiota. Trata-se de uma "pegadinha" semântica e (i)lógica, baseada num conceito errado de onipotência – poder fazer tudo, certo ou errado, inclusive coisas absurdas e contraditórias. Alguns ateus querem redefinir o conceito bíblico de onipotência, mas o cristão é você: a Bíblia está em suas mãos, e é nela que se encontram as definições verdadeiras sobre Deus e seus atributos. Use a definição bíblica de “onipotência”, não a do dicionário.

Biblicamente, não estamos autorizados a afirmar que Deus pode fazer qualquer coisa – um "triângulo quadrado", por exemplo – mesmo coisas que sejam contrárias à sua natureza ou simplesmente não façam sentido.

Dizer que “Deus não pode mentir” (Tito 1:2, Nm 23:19, Hb 6:18) ou que ele “não pode criar uma pedra tão pesada que ele não consiga carregar” não é negar ou diminuir sua onipotência. A frase “uma pedra pesada demais para Deus levantar” descreve algo logicamente impossível, ou seja: não descreve nada. Exigir que Deus faça um quadrado redondo é um absurdo lógico e sem sentido, é exigir que Deus faça “nada”.

O fato de Deus ser onipotente não significa que ele possa fazer coisas contraditórias ou realizar impossibilidades lógicas. Deus não é absurdamente onipotente.

O desafio ateísta seria assim: “Se Deus não pode pecar como um demônio, ele não é onipotente.”
Ou então: “Se Deus não pode ser contraditório, ele não é onipotente”
Ou: "Se Deus não pode agir como um idiota louco, ele não é onipotente"

Eu respondo a eles: "Ainda bem!" E prossigo no caminho da lógica, seguindo o seu Autor.

Razões para crer

Uma boa introdução ao teísmo feita por Michelson Borges.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Não sabemos o que é igreja


“Igreja não é templo, não é sinagoga, não é mesquita. Não é o santuário onde os fiéis se reúnem para cultuar a Deus. Igreja é gente, e não lugar. É a assembléia de pecadores perdoados; de incrédulos que se tornam crentes; de pessoas espiritualmente mortas que são espiritualmente ressuscitadas; de apáticos que passam a ter sede do Deus vivo; de soberbos que se fazem humildes; de desgarrados que voltam ao aprisco.

Igreja é mistura de raças diferentes, distâncias diferentes, línguas diferentes, cores diferentes, nacionalidades diferentes, culturas diferentes, níveis diferentes, temperamentos diferentes. A única coisa não diferente na Igreja é a fé em Jesus Cristo.

A Igreja não é igreja ocidental nem igreja oriental. Não é Igreja Católica Romana nem igreja protestante. Não é igreja tradicional nem igreja pentecostal. Não é igreja liberal nem igreja conservadora. Não é igreja fundamentalista nem igreja evangelical. A Igreja não é Igreja Adventista, Igreja Anglicana, Igreja Assembléia de Deus, Igreja Batista, Igreja Congregacional, Igreja Deus é Amor, Igreja Episcopal, Igreja Holiness, Igreja Luterana, Igreja Maranata, Igreja Menonita, Igreja Metodista, Igreja Morávia, Igreja Nazarena, Igreja Presbiteriana, Igreja Quadrangular, Igreja Reformada, Igreja Renascer em Cristo nem igrejas sem nome.

A Igreja é católica (universal), mas não é romana. É universal (católica) mas não é a Universal do Reino de Deus. É de Jesus Cristo, mas não dos Santos dos Últimos Dias. Porque é universal, não é igreja armênia, igreja búlgara, igreja copta, igreja etíope, igreja grega, igreja russa nem igreja sérvia. Porque é de Jesus Cristo, não é de Simão Pedro, não é de Miguel Cerulário, não é de Martinho Lutero, não é de Simão Kimbangu, não é de Sun Myung Moon, não é de João Paulo II.

Em todo o mundo e em toda a história, a única pessoa que pode chamar de minha a Igreja é o Senhor Jesus Cristo. Ele declarou a Cefas: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja” (Mt 16.18).

Não há nada mais inescrutável e fantástico do que a Igreja de Jesus Cristo. Ela é o mais antigo, o mais universal, o mais antidiscriminatório, o mais inexpugnável e o mais misterioso de todos os agrupamentos. Dela fazem parte os que ainda vivem (igreja militante) e os que já se foram (igreja triunfante). Seus membros estão entrelaçados, mesmo que, por enquanto, não se conheçam plenamente. Todos igualmente são “concidadãos dos santos” (Ef 2.19), “co-herdeiros com Cristo” (Ef 3.6; Rm 8.17) e “co-participantes das promessas” (Ef 3.6). Eles são nada menos e nada mais do que a Família de Deus (Ef 2.19; 3.15). Ali, ninguém é corpo estranho, ninguém é estrangeiro, ninguém é de fora. É por isso que, na consumação do século, “eles serão povos de Deus e Deus mesmo estará com eles” (Ap 21.3).

A Igreja de Jesus, também chamada Igreja de Deus (1 Co 1.2; 10.22; 11.22; 15.9; 1 Tm 3.5 e 15), Rebanho de Deus (1 Pe 5.2), Corpo de Cristo (1 Co 12.27) e Noiva de Cristo (Ap 21.2), tem como Esposo (Ap 21.9), Cabeça ( Cl 1.18 ) e Pastor (Hb 13.20) o próprio Jesus.

A tradicional diferença entre igreja visível e igreja invisível não significa a existência de duas igrejas. A Igreja é uma só (Ef 4.4). A igreja invisível é aquela que reúne o número total de redimidos, incluindo os mortos, os vivos e os que ainda hão de nascer e se converter. Eventualmente pode incluir pecadores arrependidos que nunca freqüentaram um templo cristão nem foram batizados. Somente Deus sabe quantos e quais são: “O Senhor conhece os que lhe pertencem” (2 Tm 2.19). A igreja visível é aquela que reúne não só os redimidos, mas também os não redimidos, muito embora passem pelo batismo cristão, se declarem cristãos e possam galgar posições de liderança. É a igreja composta de trigo e joio, de verdadeiros crentes e de pseudocrentes. Dentro da igreja visível está a igreja invisível, mas dentro da igreja invisível nunca está toda a igreja visível. A Igreja de Jesus é uma só, porém é conhecida imperfeitamente na terra e perfeitamente no céu”.

Artigo da Revista Ultimato, que encontrei no Solomon.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Mentir dizendo a verdade

Omitir informações desfavoráveis, selecionar dados, enfatizar apenas um lado das questões.
Cristãos e ateus, criacionistas e evolucionistas, teólogos e filósofos abusam desse expediente.

Essa memorável propaganda da Folha de São Paulo de 1987 nos mostra o que é possível fazer dizendo somente "verdades" convenientemente selecionadas.

Comece sozinho, os demais virão

Alguém me mostrou esse vídeo como um exemplo do que é o verdadeiro avivamento cristão.
Calma... não se trata da música ou da rave em si. É só a idéia por trás do que ocorre quando um cara sozinho resolve "agitar".

Apesar de música eletrônica me embrulhar o estômago, achei sensacional a aplicação do fato ao que deve ocorrer na igreja. Realmente, devemos entrar na obra de reavivamento individualmente. Seguindo a máxima do Chapolin Colorado ("sigam-me os bons"), não devemos viver esperando um tempo em que toda a igreja esteja avivada para então entrar "na onda".

Veja até o fim.

Respeitem nossas verdadeiras tradições!

por Isaac Malheiros

Não se dirige olhando apenas para trás. O retrovisor é necessário, mas a sua função é ajudar a orientar nosso progresso seguro para frente.

Algumas tradições são erradas e anti-bíblicas. Mas por causa de sua antiguidade, receberam passe-livre entre os cristãos. No entanto, o tempo não transforma o erro em verdade, transforma erros apenas em tradições acariciadas.

Algumas práticas e costumes tradicionais são corretos ou inofensivos, mas têm tempo de validade, ou são condicionadas culturalmente. A essência por trás dessas tradições permanece, e deve orientar a mudança rumo a novas práticas que façam mais sentido no contexto atual.

Não importa se elas são anti-bíblicas, inofensivas ou corretas: não devemos fidelidade às tradições, de forma alguma. Devemos fidelidade ao Cordeiro (Ap 14:4). Qualquer tipo de apego inflexível à normas, práticas e costumes em detrimento de claros princípios da Palavra de Deus é tradicionalismo ou conservadorismo.

O objetivo desse texto não é discutir o “tradicionalismo” e o “conservadorismo” sob a ótica filosófica e sociológica. Assim, usaremos essas expressões com o seguinte significado: “resistência injustificada a mudanças e adaptações” ou “apelo ao passado e à história como critério para se julgar o que se faz hoje”. Em resumo, se alguém usa frases como “sempre foi assim”, “em time que está ganhando não se mexe”, “antigamente é que era melhor” provavelmente há alguma forma de tradicionalismo envolvido. E quando se usa a tradição como régua para se medir os outros, então não resta mais dúvidas: é tradicionalismo.

Antes de prosseguir, deixemos claro que não há nenhum tipo de problema em nos apegarmos emocionalmente às antigas práticas e hábitos de nossa família ou nossa igreja. Na realidade, isso molda nossa identidade, é nossa herança cultural. No entanto, quando tradições e princípios bíblicos batem de frente, sem sombra de dúvidas as Escrituras vencem (Mt 15:13).

A base bíblica distorcida dos tradicionalistas

Para evitar qualquer inovação e preservar cegamente as tradições (o que representa uma forma sentimentalismo), é comum ver algum irmão esbravejar o seguinte provérbio:

Não removas os limites antigos que fizeram teus pais.” (Pv 22:28)

Está certo que podemos “espiritualizar” algumas coisas nas Escrituras, mas assim já é demais! Os “limites” da passagem em lide, não eram limites morais, ou algum tipo de norma comportamental. Eram apenas limites (ou marcos) de lotes de terra (Pv 23:10 e 11). Alterar os limites dos terrenos familiares, era crime (Dt 19:14) punível sob maldição (Dt 27:17). Era um golpe comum aplicado pelos vigaristas (Jó 24:2). Espiritualmente, os “marcos antigos” são os marcos bíblicos, nunca tradições humanas. [1]

Seguindo a mesma linha de raciocínio anacrônico, encontramos mais uma passagem distorcida quando o tema é música:

Assim diz o Senhor: Ponde-vos nos caminhos, e vede; perguntai pelas veredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele, e achareis descanso para as vossas almas. Mas eles disseram: não andaremos. ” (Jer 6:16)

De tão leviana e irreverente, a aplicação tradicionalista deste versículo para condenar inovações não merece muitos comentários. Mas fica muito claro a qualquer leitor honesto que o assunto aqui não é tentarmos reproduzir literalmente a vida e as formas de culto de nossos bisavós, mas nos lembrarmos das atuações divinas no passado e dos antigos ensinos das Escrituras.[2]

Qual o problema com as tradições?

Alguém disse que uma antiga tradição pode ser também um antigo erro[3]. Nem todas as tradições são saudáveis, existem tradições baseadas em falsas premissas. Sabemos que, desde os dias de Paulo, tentar mudar tradições eclesiásticas certamente é criar discussões acaloradas. No tempo de Jesus, judeus movidos por boas intenções tentavam preservar os costumes e as crenças tradicionais. Havia muito zêlo legalista, mas não fé. E “tudo que não provém de fé é pecado” (Rm 14:23).

As tradições de usos e costumes têm o seu valor e não devem ser desprezadas simplesmente pelo gosto da novidade (2 Ts 3:6)[4]. Mas, as tradições e formalidades quando supervalorizadas, acarretam um grande perigo: desviar a atenção das pessoas dos grandes princípios da Lei e do Evangelho (Mt 15:3 e 6). Jesus diz:

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da Lei: o juízo, a misericórdia e a fé. Deveis fazer estas coisas e não omitir aquelas.Condutores cegos! Que coais um mosquito e engolis um camelo.” (Mt 23:23 e 24)

Se nos preocupamos mais com o “mosquito” da aparência das pessoas e menos com o que se passa no coração delas, engolimos um camelo. Se em nome da moralidade e da virtude maltratamos e esmagamos pessoas, desce mais um camelo! Se fazemos das tradições testes de discipulado, mais um camelo de duas corcovas! Se fazemos acepção de pessoas baseados em quaisquer critérios, mais um dromedário mal passado!

A fronteira entre o bem e o mal é demarcada arbitrariamente por algumas pessoas que usam a tradição como parâmetro. E como para elas não há meio termo, o que não é “de Deus” imediatamente passa a ser coisa “do maligno”. O problema é que existem assuntos sobre os quais a Bíblia simplesmente se cala. Quando tentamos fazer uma lista maniqueísta de objetos e atitudes, corremos o risco de subjugar o livre-arbítrio e a responsabilidade pessoal de cada um.

As pessoas merecem respeito. Devemos levá-las a um relacionamento pessoal com o Salvador. Elas devem descobrir a responsabilidade que cada um terá de prestar contas de si mesmo diante de Deus (Rm 14:12). Não se pode guiar as pessoas como gado, como seres bárbaros, insensíveis e mentalmente inferiores. Mas em muitas comunidades não há sequer abertura para uma discussão madura sobre assuntos como a música e formas de adoração.

As normas comportamentais, escritas ou não, ainda que necessárias, são erroneamente sacramentadas como provas de discipulado. E muitos têm até duvidado da salvação daqueles que não conseguem seguir satisfatoriamente às fórmulas tradicionais. Todos os esforços de Paulo e Lutero[5] são invalidados quando a instituição eclesiástica sente-se no direito de ser a consciência de seus membros nos mínimos detalhes. E o precioso sangue carmesim derramado no Calvário é sistematicamente pisado pelos que se apegam às normas e tradições eclesiásticas como meio de salvação.

Nesse contexto, o apego às tradições litúrgicas, bem como o culto aos costumes culturais de um povo, podem desvirtuar totalmente o ambiente de culto a Deus. A liberdade espiritual que temos em Cristo é algo maravilhoso e que não pode ser impunemente suprimido.

Outro problema é que algumas antigas tradições funcionam como parasitas da verdade bíblica. Algumas práticas extra-bíblicas são canonizadas e passam a fazer parte de um tipo de anexo bíblico implicitamente passado de geração a geração. “O erro não pode subsistir por si mesmo, e se extinguiria de pronto, não se apegasse como parasita à árvore da verdade. O erro tira sua vida da verdade de Deus. As tradições dos homens, como microorganismos que pairam no ar, agarram-se à verdade de Deus, e os homens as consideram como parte da verdade.” Evangelismo, 589.

Qual o problema com isso? Leia Apocalipse 22:18 e 19 e descubra.

Voltemos às nossas verdadeiras tradições

Para algumas pessoas, o adjetivo “antigo” é o bastante para recomendar alguma crença ou prática. Movidos pelo zêlo e em defesa das tradições, algumas pessoas têm tomado atitudes mais legalistas do que cristãs. Mas a nossa maior “tradição” é o princípio que herdamos da Reforma Protestante: o Sola Scriptura[6]. Somos o “povo da Bíblia”, e não o “povo do museu”. Minha admiração pelos pioneiros e pela história da minha igreja não é maior que a minha admiração pela Palavra de Deus.

Faz parte de nossa tradição adventista efetuar mudanças para se adequar à mudanças dos tempos. É tradicional e histórico o nosso comportamento de avaliar as práticas e os métodos e desenvolvermos novas abordagens evangelísticas a fim de melhorar sua efetividade. Faz parte de nossa tradição não termos medo de novidades[7]. Faz parte de nossa tradição adventista o não sermos tradicionalistas.

Não somos um movimento profético levantado para pregar tradições. Esse item (tradição) não está incluído no chamado de Jesus, e não temos o direito de fazer acréscimos:

“Na comissão dada aos discípulos, Cristo não somente lhes delineou a obra, mas deu-lhes a mensagem. Ensinai o povo, disse, "a guardar todas as coisas que Eu vos tenho mandado". Mat. 28:20. Os discípulos deviam ensinar o que Cristo ensinara. O que Ele falara, não só em pessoa, mas através de todos os profetas e mestres do Antigo Testamento, aí se inclui. É excluído o ensino humano. Não há lugar para a tradição, para as teorias e conclusões dos homens, nem para a legislação da igreja. Nenhuma das leis ordenadas por autoridade eclesiástica se acha incluída na comissão.” Evangelismo, 15.

Voltemos às nossas verdadeiras tradições. Cumpramos a ordem do Mestre, estritamente como Ele nos deu.

E por último, um apelo: que ninguém encare este texto como um libelo anarquista e anti-denominacional. E que ninguém use estas palavras para apoiar o “vale-tudo” litúrgico e musical, que rejeita toda e qualquer norma. Como instituição, precisamos de normas e regras que facilitem o gerenciamento da obra. Mas essas normas e regras, ainda que baseadas em princípios bíblicos, não devem servir de pretexto para subjugar ou humilhar publicamente os que não se enquadram ao modo tradicional e propõem atualizações para benefício da pregação do evangelho.

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[1] “Muitos conhecem tão pouco acerca da Bíblia, que sua fé é instável. Removem os marcos antigos, e as falácias e ventos de doutrina os levam para cá e para lá. A ciência, falsamente assim chamada, está minando os fundamentos dos princípios cristãos; e os que uma vez estavam na fé vão-se afastando dos marcos bíblicos e se divorciam de Deus enquanto ainda professam ser filhos Seus.” Review and Herald, 29 de dezembro de 1896. “Nossa única salvaguarda está na preservação dos antigos marcos: "À Lei e ao Testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, nunca verão a alva." Isa. 8:20. " Christian Temperance, págs. 111-116.
[2] Uma citação que os tradicionalistas amam distorcer é: “Precisamos sermões à moda antiga, costumes à antiga, pais e mães em Israel à antiga. É preciso trabalhar pelo pecador perseverantemente, zelosa e sabiamente, até que ele veja que é transgressor da lei de Deus, e exerça arrependimento para com Deus, e fé no Senhor Jesus Cristo.” Mensagens Escolhidas, vol. 2, 18 e 19. Basta ler atentamente os parágrafos anteriores para perceber que esse texto se refere ao emocionalismo que estava substituindo a pregação bíblica genuína do arrenpendimento. Na realidade, basta ler a sentença anterior a essa citação (sempre omitida pelos tradicionalistas): “O Senhor deseja que Seus servos hoje preguem a antiga doutrina evangélica - tristeza pelo pecado, arrependimento e confissão.”
[3] Um exemplo são as antigas tradições cristãs que perduraram por séculos até à Reforma: “Grande luz foi concedida aos reformadores; muitos deles, porém, aceitaram os enganos do erro pela má interpretação das Escrituras. Estes erros foram transmitidos através dos séculos, mas embora sejam muito antigos, não têm a apoiá-los um "Assim diz o Senhor". Pois o Senhor declarou: "Não alterarei o que saiu dos Meus lábios." Sal. 89:34.” Fundamentos da educação cristã, 450.
[4] A palavra grega para “tradição” é paradosis. Ela é usada em contextos negativos (Mt 15:2-6, Mc 7:3:13, Gl 1:13, Cl 2:8), mas também de forma positiva (1 Co 11:2; 2 Ts 2:15, 3:6). A palavra “costume” em grego é ethos, e é usada para se referir aos bons hábitos de Jesus e Paulo (Lc 4:16, At 17:2), a maus costumes (Hb 10:25), a práticas cerimoniais (At 6:14), a práticas legais e políticas (Mt 27:15, At 25:16). Percebe-se que existem tradições e costumes que edificam, mas também existem aquelas que devem ser abandonadas.
[5] “Quando os inimigos apelavam à tradição e aos costumes, ou à autoridade do papa, Lutero os enfrentava com a Bíblia, e a Bíblia somente. Aqui estavam argumentos que eles não conseguiam discutir; portanto, estes escravos do formalismo clamavam por seu sangue. ... Todavia, Lutero não caiu presa de sua fúria; Deus tinha uma obra para ele, e os anjos do Céu foram enviados para protegê-lo.” The Spirit of Prophecy, vol. 4, págs. 108 e 109.
[6] Guilherme Miller “não prosseguiu o seu trabalho sem tenaz oposição. Como acontecera com os primeiros reformadores, as verdades que apresentava não eram recebidas favoravelmente pelos ensinadores populares da religião. Não podendo manter sua atitude pelas Escrituras, viam-se obrigados a recorrer aos ditos e doutrinas de homens, às tradições dos pais da igreja. A Palavra de Deus, porém, era o único testemunho aceito pelos pregadores da verdade do advento. "A Bíblia, e a Bíblia só", era a sua senha.” Cristo em seu santuário, 61 e 62.
[7] “O mundo manifesta hoje o mesmo espírito. Os homens são contrários à pesquisa da verdade, pelo receio de que as tradições sejam perturbadas e introduzida nova ordem de coisas. Há, na humanidade, uma constante propensão ao erro e os homens naturalmente se inclinam a exaltar as idéias e o conhecimento humanos, não discernindo nem apreciando o que é divino e eterno.” Conselho sobre escola sabatina, 48.