sábado, 29 de agosto de 2009

Ética Cristã: entre o Legalismo e o Relativismo

por George R. Knight*

Dois extremos

Uma das áreas mais difíceis para muitos cristãos no espectro da ética é viver a vida cristã sem sucumbir às armadilhas polares da ética cristã – legalismo e antinomismo[1].

O legalismo vê a Bíblia do mesmo modo como os fariseus a viam nos dias de Cristo. O legalista olha para a Bíblia como um livro de regras éticas que oferece uma máxima para todo caso que surge. A partir da perspectiva do legalismo, as regras são extremamente importantes e as pessoas devem se postar sob a sua jurisdição em uma condição inflexível (“O que é certo, é certo; não tente explicar suas atitudes com base em situações atenuantes.”).

O extremo oposto é o antinomismo, que rejeita toda a lei moral e não tem lugar para princípios universais.

Absolutismo ou Relativismo Sem Limites


Arthur Holmes notou que o legalismo deve ser definido como “absolutismo ilimitado”, enquanto o antinomismo é o “relativismo ilimitado”.[2] Jesus rejeitou o absolutismo ilimitado e sua vida foi uma contínua condenação dos fariseus, que seguiram milhares de leis mas não amaram a Deus ou ao homem.

Um exemplo desta rejeição pode ser encontrado em sua relação com o sábado. Fora dos eventos de Marcos 2 e 3, Jesus enunciou os princípios de que “o sábado foi feito para o homem” e “não o homem para o sábado”, e que é fidedigno trabalhar no sábado se alguém está fazendo o bem por outras pessoas (Mr 2:23-3:6). Na realidade, Jesus está dizendo que as pessoas são mais importantes que as regras e que certas situações tornam permissível quebrar a letra da lei. De maneira alguma Jesus pode ser visto como um absolutista ou um legalista ilimitado.

Por outro lado, Jesus não pode ser classificado como um relativista ilimitado ou como um antinomista. Ele afirmou no Sermão da Montanha que Ele não viera para destruir a Lei, próximo ao fim de Sua carreira terrestre afirmou ter guardado as leis de Seu Pai e que Seus seguidores devem fazer o mesmo (Mt 5:17; Jo 15:10).

Relativismo Limitado

Holmes desenvolveu uma tentativa de equilibrar os extremos polares do “absolutismo ilimitado” e do “relativismo ilimitado” com o “relativismo limitado”.[3] Uma expressão moderna dessa posição é encontrada na escola de pensamento relativa à ética de situação (ética situacional). A essência da ética de situação, afirma Joseph Fletcher, um de seus maiores expoentes, é “qualquer coisa e tudo está certo ou errado, dependendo da situação”. A boa ação, contínua, seria o ato mais amoroso e preocupado.[4]

A ética de situação é correta em repudiar o legalismo e em sua admissão de relatividade ética limitada. Seu maior problema é que ela rejeita os princípios morais e as regras e, em conseqüência, alarga o relativismo a cada questão moral específica.[5] Portanto, a ética de situação desvirtua o amor cristão. Como visto acima[6], a Bíblia nunca separa amor da lei moral. Ao contrário, repetidamente une os dois. O amor, na perspectiva de Cristo, estava completando e resumindo os Dez Mandamentos. A posição bíblica é uma rejeição do relativismo limitado ou da ética de situação, com sua inabilidade de estabelecer limites morais.

Absolutismo Limitado

Se não forem absolutos todos os valores e regras do comportamento, então o que as pessoas precisam são absolutos limitados em vez de absolutismo ilimitado legalista. Uma quarta posição ética, que se concentra mais na perspectiva bíblica, pode ser chamada de “absolutismo limitado”. Esta posição permite ao amor reter seu conteúdo cognitivo como expresso nas ações e atitudes de Deus e nos Dez Mandamentos. Ela retém os princípios universais para a aplicação da lei a situações diferentes, enquanto proporciona ao cristianismo liberdade onde a lei silencia.

Absolutismo limitado, portanto, busca colocar-se entre os perigos do legalismo e do relativismo, e propõe uma solução “na qual o relativismo é limitado pelas leis”. De acordo com Holmes, o absolutismo limitado permite vários tipos de relatividade:

1) relatividade em aplicar princípios universais a situações distintas (i.e., Cristo ilustrou que há vezes em que o trabalho poderia e deveria ser feito no sábado);
2) relatividade em nosso entendimento a respeito dos princípios éticos e como estes princípios foram aplicados de maneira diferente em diferentes períodos históricos (i.e., a posição bíblica em relação à escravidão e à poligamia); e
3) relatividade na moral devido a diferenças culturais em vez de diferenças de princípio (i.e., práticas de solicitação bíblicas e rituais de casamento comparados às nossas).

Ao mesmo tempo, a ética bíblica do absolutismo limitado também afirma absolutos:

1) o caráter imutável de Deus, que articula a lei não como um código arbitrário, mas como um sábio guia para a vida humana;
2) a lei moral como dada na Lei do Amor e os Dez Mandamentos, interpretados no Sermão da Montanha, e aplicado a situações históricas nos escritos proféticos e apostólicos.[7]


Fonte: Filosofia e Educação: uma introdução da perspectiva cristã, George Knight, Imprensa Universitária Adventista, p. 188-190.

*George R. Knight é doutor em educação, historiador, teólogo e escritor.
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[1] Antinomismo é a total aversão a qualquer regra, norma ou lei ética.
[2] Arthur F. Holmes, Faith Seeks Understanding: A Christian Aproach to Knowledge ( Grand Rapids , MI : Wm. B. Eerdmans Publishig Co., 1971), p.93
[3] Ibid.
[4] Joseph Fletcher, Situation Ehics: A Nova Moralidade (Philadelphia: The Westminster Press, 1966), p.124.
[5] Holmes, Faith Seeks Understanding, p. 94.
[6] Knight se refere aqui a uma seção de seu livro, anterior a esse texto, onde trata de questões axiológicas. Essa seção está nas páginas 184-188.
[7] Holmes, Faith Seeks Understanding, p. 97-98.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Saramago e o "deus de palha"


Jose Saramago deu entrevista sobre seu novo livro "Caim", referencia ao personagem bíblico coonhecido por assassinar o próprio irmão, Abel.

Nesse livro, Saramago aponta Deus “como o autor intelectual do crime, ao desprezar o sacrifício que Caim Lhe havia oferecido”.

“Não se pode confiar em Deus. Que diabo de Deus é esse que, para enaltecer Abel, despreza Caim?” – pergunta o autor.

Destaco aqui algumas frases dele:
"O absurdo é que o ser humano primeiro inventou Deus e depois se escravizou a ele, isso é o que eu questiono nesta obra".
“Deus, o demônio, o bem, o mal, tudo isso está em nossa cabeça, não no céu ou no inferno, que também inventamos.

Sobre as futuras criticas ao seu livro, afirma: “Alguns talvez o façam mas o espetáculo será menos interessante. O Deus dos cristãos não é esse Jeová. E mais, os católicos não leem o Antigo Testamento. Se os judeus reagirem não me surpreenderei. Já estou habituado.”

Causador de polemicas, como afirmar que os judeus “não merecem a simpatia pelo sofrimento que passaram no Holocausto”, Saramago ainda critica o livro sagrado judaico:
“Mas é difícil para mim compreender como o povo judeu fez do Antigo Testamento seu livro sagrado. Isso é uma enxurrada de absurdos que um homem só seria incapaz de inventar. Foram necessárias gerações e gerações para produzir esse texto”.

É curioso o padrão de funcionamento da mente neo-ateísta: eles descrevem um ser asqueroso, manipulador e pestilento, dão-lhe o nome de “deus” e saem gritando “EU NÃO ACREDITO EM DEUS!!!!”

Levando-se em conta esse "deus de palha" pintado por Saramago, Dawkins e outros, posso dizer: também não creio nesse deus. Nenhum cristão com conhecimento bíblico crê nesse deus!



Para mim, o grande absurdo dessa historia é que Deus ama Saramago...

Fonte da entrevista: Estadão

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Indescritivel! - por Louie Giglio

Deus revelado no Universo:
essa mensagem me impressionou muito, muito mesmo.
Vale a pena assistir no silencio, acompanhando o raciocinio e depois...
bom...
Depois responda: "Como eu poderia não amá-Lo?"



Abra os 5 videos e deixe-os carregando enquanto assiste o primeiro (se sua net permitir hehe).

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Preto não pode ter um EcoSport?

A Suspeita

Esse homem negro estava indo em direção a um EcoSport no estacionamento do Carrefour. Olhava atentamente para os lados, e momentos antes o alarme de uma moto havia disparado.
Um segurança do Carrefour, observando a atitude suspeita, abordou o elemento. Se aproximou e imediatamente sacou a arma.
O suspeito se protegeu atrás de uma pilastra para não ser atingido e depois saiu correndo, já dentro do supermercado.

Os dois entraram em luta corporal, enquanto as pessoas assustadas buscavam a saída do supermercado. Outros seguranças chegaram e imobilizaram o homem negro.

O suspeito gritava: “É um mal entendido! Eu também sou segurança!”

“Vamos ali no quartinho pra esclarecer”, responderam.

No quartinho revelou-se o mal entendido, e mais: revelou-se o racismo subjacente na sociedade brasileira...



O Mal Entendido (ou o racismo entendido)

O suspeito era Januário Alves de Santana, 39 anos, funcionário da USP.
O carro era dele. Estava ali no estacionamento olhando o carro, pois sua filha de 2 anos dormia no banco traseiro, enquanto a mulher, um filho de cinco anos, a irmã e o cunhado faziam compras.
Correu do segurança armado porque este não estava com uniforme que o identificasse como segurança do Carrefour.

Ele relata o que aconteceu no quartinho: “Pegaram um rádio de comunicação e deram com força na minha cabeça. Assim que entrei um deles falou: 'estava roubando o EcoSport e puxando moto, né?' Começou aí a sessão de tortura, com cabeçadas, coronhadas e testadas"

“A sessão de torturas demorou de 15 a 20 minutos. Eu pensava que eles iam me matar. Eu só dizia: ‘Meu Deus, Jesus’. Sangrava muito. Toda vez que falava ‘Meu Deus’, ouvia de um deles: ‘Cala a boca seu neguinho. Se não calar a boca eu vou te quebrar todo!’. Eles iam me matar de porrada", conta.

Januário disse que eram cerca de cinco homens que se revezavam na sessão de pancadaria. “Teve um dos murros que a prótese ficou em pedaços. Eu tentava conversar: ‘Minha criança está no carro! Minha esposa está fazendo compras!’, não adiantava, porque eles continuaram batendo. Não desmaiei, mas deu tontura várias vezes. Eu queria sentar, mas eles não deixavam e não paravam de bater de todo jeito".

A certa altura Januário disse ter ouvido alguém anunciar: “a Polícia chegou”, sendo informada de que o caso era de um negro que tentava roubar um EcoSport. “Eles disseram que eu estava roubando o meu carro. E eu dizia: ‘o carro é meu’. Deram risada.”
A chegada da viatura com três policiais fez cessar os espancamentos, porém, não as humilhações. “Você tem cara de que tem pelo menos três passagens. Pode falar, negão. Não nega. Confessa que não tem problema”, comentou um dos policiais militares, enquanto os seguranças desapareciam.

Após conferirem a documentação do carro, os policiais deixaram o supermercado dizendo: “Daqui a pouco vem o PS do Carrefour. Depois se quiserem deem queixa e processem o Carrefour”.

Em choque e sentindo muitas dores, o funcionário da USP conseguiu se levantar e dirigir até o Hospital Universitário onde chegou com cortes profundos na boca e no nariz..

Sua esposa disse que o EcoSport, que está sendo pago em 72 parcelas de R$ 789,00, vem sendo fonte de problemas para a família desde que foi comprado há dois anos. “Toda vez que ele sai a Polícia vem atrás: ‘Esse carro é seu?’ Até no serviço a policia já o abordou....”

“Meu Deus, é porque ele é preto que não pode ter um carro EcoSport?”, ela pergunta.

A sociedade brasileira tem que responder essa pergunta rápida e seriamente.

Baseado em reportagem de http://www.afropress.com/noticiasLer.asp?id=1965

sábado, 15 de agosto de 2009

Fé e Lógica

É comum ouvir da boca de cristãos e ateístas que "Deus não tem lógica" (claro que com enfoques diferentes).

A impressão que se tem é que o cristianismo seria uma espécie de religião de emoções, subjetiva, irracional.

Nada é mais equivocado!

No início do evangelho de João lemos que "no princípio era o Logos, o Logos estava com Deus, e o Logos era Deus".

Sim, Logos é a raiz grega de "lógica".

O Senhor é o "Deus da verdade" (Sl 31:5); o "Espírito é a verdade" (1 Jo 5:6); o "seu entendimento é infinito" (Sl 147:5) e Ele "é o Deus da Sabedoria" (1 Sm 2:3).

Os princípios bem conhecidos da lógica clássica são:
1) principio da identidade
2) princípio da não-contradição
3) princípio do terceiro excluído.

Todos eles podem ser deduzidos a partir da Bíblia, e aplicados a ela mesma.

Deus não é irracional, mas nos convida:
"vinde e arrazoemos" (Is 1:18).
E nos ordena a estarmos preparados para dar a "razão da esperança" que há em nós (1 Pe 3:15).
A palavra razão aí é Logos.

Portanto longe de ser irracional, o cristianismo é perfeitamente lógico, pois Deus é lógico.
A nossa incompetencia intelectual não deveria comprometer essa verdade.

domingo, 9 de agosto de 2009

Leonardo Gonçalves - Musica Judaica

Leonardo Gonçalves cantando em hebraico na Pascoa da Comunidade Judaico-Adventista.
Repare no instrumental...


2 coisas:
_alegria e reverência não se excluem.
_o tecladista colocando 6as e 7as não deixou ninguém "mentalmente confuso" e nem descaracterizou a música hehehe

Muito bom!

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Percussão em outros instrumentos

Instrumento não faz nada,
Depende de quem toca... hehehe

Esse violão dispensa percussão:


Esse faz beatbox com a flauta transversa:


Esse faz percussão no piano:


Aqui Jamie Cullum usando o piano como percussão:


O instrumento é neutro. Méritos ou deméritos sempre caem na conta do instrumentista...

Somos Naturalmente Musicais

Bobby McFerrin usa a platéia para demonstrar o poder natural da escala pentatônica.
Uma demonstração impressionante da capacidade musical que naturalmente possuímos.
Segundo ele, isso funciona em qualquer lugar (não importa a cultura).

domingo, 2 de agosto de 2009

O Fazendeiro e Deus

(Vc que chegou aqui procurando uma resenha pra "copiar e colar" e entregar ao professor, tome vergonha e escreva algo da sua própria cabeça, preguiçoso! Se não foi por esse motivo, tá perdoado heheh)

Assisti recentemente, um filme baseado em fatos reais adaptado a partir do livro Faith like Potatos, que conta a historia de Angus Buchan.

Ele era um fazendeiro fracassado de origem escocesa que se mudou para a África do Sul com a família e sofreu uma série de perdas que o deixaram depressivo, agressivo e sem esperança.

Homem rude e grosseiro, ele se converte, descobre o propósito divino de sua vida e usa seu “jeitão” para testemunhar de sua nova fé.

É uma historia comovente a respeito da simplicidade e firmeza da verdadeira fé.

Retendo o que é bom: há apenas uma cena questionável do ponto de vista doutrinário, onde a doutrina da imortalidade incondicional da alma é sugerida.

Aplicação: quem planta batatas investe em raízes invisíveis cujos resultados só se tornam visíveis na hora da colheita. Você as coloca no solo, cobre com terra e ora por chuva. Ao contrario de outras plantações, você não tem indicação visível do que ocorre silenciosamente embaixo da terra. Você vive na esperança de uma boa colheita.

Plantar batatas simboliza o viver pela fé. Por isso, o titulo original faz mais sentido (Fé como batatas).

O filme pode gerar uma boa discussão a respeito da Fé.

Sugestão para questionamentos em grupo:

1. Deus desafia Angus a se tornar um `louco` por Ele, sujeito a criticas e zombarias. Qual a coisa mais “louca” que você já fez a serviço do Evangelho? Quais foram os resultados? (1 Co 4:10)

2. Deus responde as orações de Angus de maneira milagrosa, com uma notavel exceção. Como o silencio de Deus pode falar tão poderosamente quanto sua ação direta?

3. O trabalho consome Angus, e conforme ele continua trabalhando apenas para si ele se estressa, fica nervoso e infeliz. Enquanto trabalhar para Cristo trouxe alegria e liberdade. Como você pode transformar seu trabalho em um trabalho de amor que glorifique a Deus?

sábado, 1 de agosto de 2009

Vinícius D´Black

Ah...Como gosto da voz desse guri...
Veja só...
Ele no Faustão cantando Getsêmani, do nosso querido LG7!!!
Bacana...
É...Nem só de bobagem vive o Faustão hehe