quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Preto não pode ter um EcoSport?

A Suspeita

Esse homem negro estava indo em direção a um EcoSport no estacionamento do Carrefour. Olhava atentamente para os lados, e momentos antes o alarme de uma moto havia disparado.
Um segurança do Carrefour, observando a atitude suspeita, abordou o elemento. Se aproximou e imediatamente sacou a arma.
O suspeito se protegeu atrás de uma pilastra para não ser atingido e depois saiu correndo, já dentro do supermercado.

Os dois entraram em luta corporal, enquanto as pessoas assustadas buscavam a saída do supermercado. Outros seguranças chegaram e imobilizaram o homem negro.

O suspeito gritava: “É um mal entendido! Eu também sou segurança!”

“Vamos ali no quartinho pra esclarecer”, responderam.

No quartinho revelou-se o mal entendido, e mais: revelou-se o racismo subjacente na sociedade brasileira...



O Mal Entendido (ou o racismo entendido)

O suspeito era Januário Alves de Santana, 39 anos, funcionário da USP.
O carro era dele. Estava ali no estacionamento olhando o carro, pois sua filha de 2 anos dormia no banco traseiro, enquanto a mulher, um filho de cinco anos, a irmã e o cunhado faziam compras.
Correu do segurança armado porque este não estava com uniforme que o identificasse como segurança do Carrefour.

Ele relata o que aconteceu no quartinho: “Pegaram um rádio de comunicação e deram com força na minha cabeça. Assim que entrei um deles falou: 'estava roubando o EcoSport e puxando moto, né?' Começou aí a sessão de tortura, com cabeçadas, coronhadas e testadas"

“A sessão de torturas demorou de 15 a 20 minutos. Eu pensava que eles iam me matar. Eu só dizia: ‘Meu Deus, Jesus’. Sangrava muito. Toda vez que falava ‘Meu Deus’, ouvia de um deles: ‘Cala a boca seu neguinho. Se não calar a boca eu vou te quebrar todo!’. Eles iam me matar de porrada", conta.

Januário disse que eram cerca de cinco homens que se revezavam na sessão de pancadaria. “Teve um dos murros que a prótese ficou em pedaços. Eu tentava conversar: ‘Minha criança está no carro! Minha esposa está fazendo compras!’, não adiantava, porque eles continuaram batendo. Não desmaiei, mas deu tontura várias vezes. Eu queria sentar, mas eles não deixavam e não paravam de bater de todo jeito".

A certa altura Januário disse ter ouvido alguém anunciar: “a Polícia chegou”, sendo informada de que o caso era de um negro que tentava roubar um EcoSport. “Eles disseram que eu estava roubando o meu carro. E eu dizia: ‘o carro é meu’. Deram risada.”
A chegada da viatura com três policiais fez cessar os espancamentos, porém, não as humilhações. “Você tem cara de que tem pelo menos três passagens. Pode falar, negão. Não nega. Confessa que não tem problema”, comentou um dos policiais militares, enquanto os seguranças desapareciam.

Após conferirem a documentação do carro, os policiais deixaram o supermercado dizendo: “Daqui a pouco vem o PS do Carrefour. Depois se quiserem deem queixa e processem o Carrefour”.

Em choque e sentindo muitas dores, o funcionário da USP conseguiu se levantar e dirigir até o Hospital Universitário onde chegou com cortes profundos na boca e no nariz..

Sua esposa disse que o EcoSport, que está sendo pago em 72 parcelas de R$ 789,00, vem sendo fonte de problemas para a família desde que foi comprado há dois anos. “Toda vez que ele sai a Polícia vem atrás: ‘Esse carro é seu?’ Até no serviço a policia já o abordou....”

“Meu Deus, é porque ele é preto que não pode ter um carro EcoSport?”, ela pergunta.

A sociedade brasileira tem que responder essa pergunta rápida e seriamente.

Baseado em reportagem de http://www.afropress.com/noticiasLer.asp?id=1965

2 comentários:

  1. Pois bem, dona Vanessinha Meira, eu, como integrante da sociedade brasileira dou minha modesta opinião: é óbvio que negro pode ter Ecosport ou qualquer outro veículo que queira! Assim como é óbvio tbém que, no caso em questão, houve racismo dos brabos, pois o único fato que os seguranças do supermercado tinham contra o "suspeito", era a cor da pele dele e isso é odioso!

    Mas tbém é óbvio que, depois de esclarecidos os fatos sobre o tal Januário, causa-me muita estranheza (e talvez a toda a sociedade brasileira) a informação de que um moço que trabalha como segurança, seja dono de um carrão desse, com prestações tão altas para a média dos padrões nacionais! Não tô julgando o cara, só tô falando de fatos. Agora, se ele deixa de comprar comida pra bancar seu automóvel, é um problema dele e ninguém tem nada a ver com isso, né não?

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    1. E eu acho estranho vc estranhar o Januario pois se ele comprou é porque pode pagar vc não sabe se ele tem outras rendas ou a mulher tbm trabalha . Agora se ele come ou não o que vc tem a ver?

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