terça-feira, 27 de abril de 2010

Seu sucesso está a 4 acordes!

Existe uma sequência de 4 acordes presente na maioria dos hits. O tom pode mudar, o andamento, o estilo também, mas onde houver um sucesso haverá enorme chance de encontrarmos os 4 acordes mágicos.

Meu marido me fala isso faz tempo e eu nunca tinha levado a teoria dele à sério.
Agora, o grupo Axis of Awesome fez uma pesquisa e descobriu que 40 hits dos últimos 40 anos usaram a mesma sequência de 4 acordes:


Experimente compor algo com essa sequência e suas chances de sucessos aumentarão heheh

C G Am F, ou
F C Dm Bb, ou
E B C#m A, ou
D A Bm G, ou
etc

Teoria da evolução e a frenologia

Crentes darwinistas evolucionistas são comparados a frenologistas e crentes da Terra quadrada em artigo do Times Herald.

Vale a pena dar uma lida.
(A menos que vc seja um crente darwinista. Aí é melhor não ler)

extraído do blog Pos-darwinista

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Esperança para traidores


Helmut Thielicke conta a história de um homem que, vivendo no sombrio Terceiro Reich de Hitler, assumiu uma firme posição contra o governo nacional e tudo o que ele representava. Acabou detido. Foi enviado para a prisão, onde durante muito tempo foi mantido na solitária, suportando surras e torturas constantes, pois seus captores procuravam arrancar-lhe uma confissão que lhes desse subsídios para condená-lo por algum crime.

Depois de vários meses ele foi solto sem nenhuma acusação. Cansado, fisicamente fraco e desnutrido, mas com o ânimo nem um pouco abatido, ele continuou a fazer ardorosa oposição ao estado totalitário, como sempre fizera. Duas semanas depois de sua libertação ele foi encontrado morto, enforcado - suicidou-se no sótão de sua casa.

As pessoas que acompanharam o caso com interesse perguntavam-se como a força e a coragem desse homem acabaram sendo destruídas. Aqueles que o conheciam mais de perto sabiam o motivo. Ele havia descoberto algo terrível: foi seu próprio filho quem o havia denunciado e entregado aos nazistas...

A traição de uma pessoa que ele amava conseguiu o que a brutalidade do sistema não tinha conseguido.

A traição causa uma dor que ultrapassa a dor física, não importa a intensidade. O santuário íntimo do coração se fende e não há defesa ao alcance da mão. Uma coisa é o sofrimento causado pelos inimigos. O sofrimento inflingido por um amigo ou uma pessoa querida é bem diferente.

Claro que estou pensando em Judas.

Que palavras Jesus diria a Judas se ele estivesse na praia com Pedro após a ressurreição?
No mínimo, deveríamos crer que o perdão oferecido livremente a Pedro e a todos que desejam recebê-lo estaria também disponível para Judas. Não podemos especular muito sobre isso. Mas podemos reafirmar o alcance do amor de Deus. Pois se não houvesse esperança para um crime hediondo como o de Judas, não haveria esperança para nenhum de nós.

Todos nós a nosso próprio modo temos traído a Jesus inúmeras vezes.
E geralmente por menos de trinta moedas de prata.

domingo, 18 de abril de 2010

O pior para quem dá o melhor

Deus nunca ofereceu menos que o melhor de si para seus filhos. O homem se supera mais e mais ao descobrir novas formas de oferecer o pior de si a Deus. No livro de Malaquias, Deus faz um desabafo que soa como um forte “Chega!” Tratamos disso no post "Malaquias não fala só de dízimo". O povo ofereceu o pior cordeiro que havia, e esperou a resposta...

Malaquias é o ultimo livro do AT e, depois dele, Deus silenciou por centenas de anos.
Não houve mais nenhuma atividade visível.

Mas Deus quebra o silêncio!

E quando o faz, o que a humanidade ouve é algo como:
“Não tenham medo. Estou trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2:8-11)

Deus trouxe o seu melhor Cordeiro para aqueles que Lhe ofereciam os piores cordeiros.

O primeiro milagre de Jesus foi transformar água em vinho. De acordo com a avaliação do mestre-de-cerimônias, aquele era o melhor vinho. Jesus deu o melhor.
Na cruz, antes de seu último suspiro, Jesus teve sede.
Ofereceram para ele vinagre, vinho estragado, da pior qualidade.

Sempre foi assim: Deus nos dá o melhor, e nós Lhe oferecemos o que há de pior...

resumido pelo Novo Tom, em "O pior do homem, o melhor de Deus"

O poder do amor

A avaliação do centurião romano de que aquela Vítima da maior injustiça humana, exausta, suja, maltratada, era e é o próprio Filho de Deus pode não ser uma conclusão provável, mas é a conclusão à qual a fé cristã se dirige à despeito de todas as aparências. É uma conclusão que nos obriga a reconsiderar o modo como estamos acostumados a pensar em Deus. Agregamos naturalmente à Deus imagens de poder, glória, esplendor e majestade irrestritos, o tipo de poder que associamos aos senhores feudais e suseranos. É um tipo de poder que deixa pouco espaço para a vulnerabilidade, o sofrimento, a fraqueza ou o sentimento divino.

Convido você a ler o subversivo (e em certos versos, blasfemo) poema “High and Lifted Up” (Elevado e Exaltado), de Studdert Kennedy, e redescobrir que tipo de poder define o “poder de Deus”.

Sentado no trono do poder, com o cetro em tuas mãos
Enquanto a multidão de anjos se posta para te servir.
Foi assim que o profeta te viu, em arrebatamento,
Enquanto o som de muitas águas ondulava no ar como música,
Ondulava até explodir como trovão num brado de perfeito louvor
“Santo, santo, santo Pai, teu é o domínio pelos séculos dos séculos.
Teu é o reino, tua é a glória, teu é o esplendor do sol,
Tua é a sabedoria, tua é a honra, tua é a coroa da vitória conquistada”.

Foi assim que o profeta te viu, assim este artista também te viu,
Dá colorido à sua visão, mistério de ouro e azul.
Mas permaneço ali aflito e maravilhado; meu Deus, meu Deus, não posso ver,
Trevas profundas e mais profundas trevas – o mundo inteiro está sombrio.
Onde está o poder? Onde está a glória? Onde está a vitória conquistada?
Onde está a sabedoria? Onde está a honra e o esplendor do sol?

Deus, odeio esta esplêndida visão – todo seu esplendor parece mentira,
Tolos ilustres vêem tolices grandiosas, esplêndida miragem nascida para morrer.
Como águas imaginárias para um sedento agonizante,
Como a visão de um banquete para um corpo castigado pela fome,
Como um anestésico para o soldado louco de dor,
Enquanto seu corpo dilacerado e torturado se agita, se torce e se contorce,
Esta esplêndida visão enganadora se agita em meu coração descrente,
Como uma baioneta enferrujada na ferida aberta.

Pregadores tentam me confortar, e eu os amaldiçôo por sua coragem,
Tagarelices mesquinhas e fúteis de poder e graça; de poder e sabedoria ilimitada
Que cuida das pequenas aves, veneno açucarado e sentimental
Num caldo de palavras enjoativas.
Mediocremente piedosos, ultrapassando todas as dúvidas e medos,
Eles falam da misericórdia do Deus que seca lágrimas.
Seu discurso é afogado em soluços, e ouço o grande gemido do mundo,
Enquanto vejo milhões de mães chorando sozinhas,
Vejo uma multidão de donzelas inglesas queimando em fogueiras,
Enquanto uma multidão de corpos ainda estremece no arame farpado alemão.

E odeio o Deus do poder em seu trono celeste e infernal,
Olhando o estupro e o assassinato, ouvindo o gemido das crianças.
Embora um milhão de anjos o saúdem “rei dos reis”, eu não posso saudá-lo.
Nada que possa quebrar o silêncio da minha dor segura o grito:

“Tu que governas este mundo de pecadores com tua pesada vara de ferro,
Existiu algum pecador que pecou o pecado de Deus?
Houve algum vilão que ficaria olhando o vândalo empurrar a baioneta
Nas entranhas de um bebê só por diversão?
Louve a deus nos mais altos céus, em todas as alturas seja louvado,
Aquele que em todas as suas obras é feroz, como um animal em seus caminhos”.

Deus, o Deus que amo e cultuo, reina na aflição do madeiro,
Alquebrado, sangrando, mas indomado, o verdadeiro Deus de Deus para mim.

Toda a pompa ostensiva de esplendor, todas as asas de anjos resplandecentes
Foram emprestadas das bugingangas que rodeiam os reis terrenos.
Numa manjedoura, num chalé, num barraco de um trabalhador honesto,
Nos lares de camponeses humildes e na vida simples deles,
Na vida de um proscrito e de um vagabundo na terra,
Nas coisas comuns que ele valorizou e declarou de valor inestimável,
E acima de tudo no horror de sua morte cruel,
Num criminoso crucificado tu nos convidas a procurar tua glória.

E nós a encontramos – porque a tua glória é a glória da perda do amor
E não tens nenhum outro esplendor senão o esplendor da cruz.
Pois em Cristo eu vejo os mártires e a beleza de sua dor,
E nele ouço a promessa de que na morte serei ressuscitado.

Elevado e exaltado, eu o vejo no eterno Calvário,
E duas mãos traspassadas estendidas para leste e oeste, sobre terra e mar
Caio de joelhos e louvo pela grande cruz que reluz nas alturas,
Porque o verdadeiro Deus dos céus não é só poder,
mas é o poder do amor.


Resumido em (linda a progressão a partir de 2:20...):

A opção do acaso exige vários universos - 2

a primeira parte dessa refutação à "opção do acaso" pode ser lida aqui.

3) Terceiro, não há provas da existência de um conjunto de mundos à parte do próprio ajuste fino. Mas o ajuste fino é igualmente evidência do projetista cósmico. Na verdade, a hipótese do projetista cósmico é mais uma vez a melhor explicação porque temos evidências independentes de sua existência na forma de outros argumentos (eg.: os argumentos favoráveis á existência de Deus). Em outras palavras: se o ajuste fino não desempata a questão a favor do Design, outros argumentos independentes o fazem.

4) Quarto, a hipótese de diversos mundos enfrenta um grande desafio advindo da teoria da evolução biológica. Com o propósito de embasamento, Ludwig Boltzmann, físico do século 19, propôs um tipo de hipótese de diversos mundos com o objetivo de explicar por que não encontramos o universo em um estado de “morte quente” ou equilíbrio dinâmico interior.

Boltzmann trabalhou em cima da hipótese de que o universo todo realmente existe num estado de equilíbrio, mas que, com o passar do tempo, flutuações no nível de energia ocorrem aqui e ali por todo o universo, de modo que, por mero acaso, haverá regiões isoladas desequilibradas. Boltzmann referiu-se a essas regiões isoladas como “mundos”. Não deveríamos nos surpreender por ver nosso mundo em estado de desequilíbrio altamente improvável, afirmava ele, uma vez que, no conjunto de todos os mundos, deve existir, apenas por acaso, certos mundos em desequilíbrio e o nosso mundo é simplesmente um desses.

O problema com a ousada hipótese de diversos mundos de Boltzmann foi que, se o nosso mundo fosse simplesmente uma flutuação em um mar de energia difusa, então seria muito mais provável que devêssemos observar uma região muito menor de desequilíbrio do que a que se pode ver. Para que pudéssemos existir, uma flutuação menor – mesmo que produzisse nosso mundo instantaneamente por meio de um enorme incidente – é inestimavelmente mais provável do que o declínio progressivo na entropia que tivesse acontecido durante 15 bilhões de anos para produzir o mundo que vemos.

De fato, a hipótese de Boltzmann, caso tivesse sido adotada, nos forçaria a considerar o passado ilusório, no qual todas as coisas teriam a simples aparência de idade e as estrelas e planetas seriam ilusões, meros “retratos” de como eram, uma vez que esse tipo de mundo é imensamente mais provável, dado o estado de equilíbrio geral, do que o mundo com eventos genuínos, distantes no aspecto temporal e espacial.

Portanto, a hipótese de diversos mundos de Boltzmann foi rejeitada pela comunidade científica e o atual desequilíbrio é considerado simplesmente como resultado da condição inicial de baixa entropia misteriosamente obtida no início do universo.

Nesse momento, um problema paralelo se coloca sobre a hipótese de diversos mundos como explicação do ajuste fino. De acordo com a predominante teoria da evolução biológica, a vida inteligente como nós mesmos, se é que evolui, o fará no período mais próximo possível do final da vida do Sol. Quanto menor o tempo disponível para os mecanismos da mutação genética e da seleção natural funcionarem, menor a probabilidade de evolução de vida inteligente. Dada a complexidade do organismo humano, é muito mais provável que os seres humanos evoluam no final da vida do Sol do que em seu início.

Com efeito, John Barrow e Frank Tipler listam dez passos na evolução do Homo sapiens, cada um deles tão improvável que, antes de poder acontecer, o Sol teria deixado de existir como estrela e teria incinerado a terra (The anthropic cosmological principle. Oxford: Clarendon, 1986, p. 561-565). Consequentemente, se o nosso universo nada mais é que membro do conjunto de mundos, então, presumido para o bem do argumento que a idéia evolucionista predominante da complexidade biológica esteja correta, é muito mais provável que devêssemos observar um Sol bastante velho, em vez de relativamente jovem. Caso sejamos produtos da evolução biológica, deveríamos nos ver num mundo no qual evoluímos bem no fim da vida de nossa estrela (isso é análogo a ser muito mais provável que devêssemos existir numa região menor de desequilíbrio na hipótese de Boltzmann).

De fato, adotar a hipótese de diversos mundos para banir o ajuste fino também resulta em um tipo estranho de ilusionismo: é muito mais provável que todas as nossas estimativas sobre as idades astronômicas, geológica e biológica estejam erradas, que realmente existimos no período final da vida do sol e que a aparência de jovem da terra e do sol seja uma enorme ilusão (isto se compara mais á probabilidade de que toda evidência de idade avançada do nosso universo seja ilusória na hipótese de Boltzmann). Assim, a hipótese de diversos mundos não é mais bem-sucedida ao explicar o ajuste fino cósmico do que ao explicar o desequilíbrio cósmico.

Por essas quatro razões (leia aqui a primeira e a segunda), a hipótese de diversos mundos enfrenta um severo desafio como candidata a melhor explicação do ajuste fino cósmico observado. Portanto, parece ser plausível que o ajuste fino do universo não se deva nem à necessidade física e nem ao acaso. O resultado é que o ajuste fino se deve, portanto, ao desígnio, a não ser que se possa demonstrar que a hipótese do Design seja ainda menos plausível que suas concorrentes.

Conclusão
A hipótese do acaso só pode ser razoavelmente defendida pela postulação de um conjunto de mundos de um número infinito de universos aleatoriamente variados nos quais nosso universo aparece sozinho, por acaso. Mas tal hipótese é comprovadamente inferior à hipótese do Design porque (1) ela é menos simples, (2) não existe maneira conhecida de gerar um conjunto de mundos, (3) não existe evidência independente para a existência de um conjunto de mundos e (4) ela é incompatível com a teoria evolucionista biológica contemporânea. Portanto, o Design é a melhor explicação.

A opção do acaso exige vários universos

O Princípio Antrópico
Questões pertinentes ao chamado princípio antrópico também devem ser levantadas aqui ao analisarmos a opção do acaso. Conforme formulado por Barrow e Tipler, o “princípio antrópico” afirma que qualquer propriedade observada no universo (altamente improvável a princípio), só pode ser vista na verdadeira perspectiva depois de termos esclarecido o fato de que certas propriedades não poderiam ser observadas por nós, caso devesse ser exemplificadas, por podermos apenas observar as compatíveis com nossa existência. A implicação é que não devemos nos surpreender ao vermos o universo como é, e que, portanto, nenhuma explicação de seu ajuste fino precisa ser buscada.
Contudo, o argumento está baseado em confusão. Barrow e Tipler confundiram a afirmação verdadeira (A) com a afirmação falsa (A’):

A – Se observadores evoluídos em um universo observam suas constantes e quantidades fundamentais, é altamente provável que eles as observarão como tendo sido precisamente ajustadas para sua existência.
A’ – É altamente provável a existência de um universo que seja precisamente ajustado para a evolução de observadores.

O observador evoluído no universo deveria considerar altamente provável o fato de encontrar as condições básicas do universo precisamente ajustadas para sua existência; mas ele não deveria inferir que, portanto, seja altamente provável que até mesmo este universo tão precisamente ajustado exista.

Um bom número de teóricos antrópicos reconhece hoje que o princípio antrópico só pode ser empregado legitimamente quando unido à hipótese de diversos mundos (Many Worlds Theory ou multiverso), segundo a qual existe um conjunto de universos concretos, efetivando ampla variedade de possibilidades.

Os diversos mundos (multiverso)
A hipótese de diversos mundos é essencialmente um esforço por parte dos partidários da hipótese do acaso no sentido de multiplicar seus recursos probabilísticos com o objetivo de reduzir a improbabilidade da ocorrência do ajuste fino. O próprio fato de recorrer a uma hipótese tão notável é um tipo de cortesia desajeitada feita à hipótese do Design, no sentido que reconhecem que o ajuste fino realmente exige uma explicação. Mas será que a hipótese dos diversos mundos é tão plausível quanto a hipótese do Design?

Parece que não por quatro motivos principais.

1) Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que a hipótese de diversos mundos não é menos metafísica que a hipótese de um projetista cósmico. Como diz o físico Joh Polkinghorne: “as pessoas tentam enfeitar a idéia dos ‘muitos universos’ com termos pseudocientíficos, mas isto é pseudociência. A idéia de existir muitos universos com diferentes leis e particularidades é uma conjectura metafísica” (Serious Talk: science and religion in dialogue. London: SCM Press, 1996, p. 6.)

Contudo, mesmo nessa condição, a hipótese de diversos mundos é comprovadamente inferior à hipótese do Design, porque a hipótese do Design é mais simples. De acordo com a Navalha de Ockham, não deveríamos multiplicar os casos além do necessário para explicar o efeito. Mas é mais simples postular um projetista cósmico para explicar nosso universo que postular a enorme e elaborada ontologia da hipótese de diversos mundos.

Mas o teórico dos diversos mundos seria capaz de escapar dessa dificuldade somente se pudesse mostrar que existe um mecanismo único e comparativamente simples para gerar um conjunto de mundos a partir de universos aleatoriamente variados. Mas ninguém foi capaz de identificar tal mecanismo ainda, portanto, deve-se preferir a hipótese do Design.

2) Segundo, não existe uma maneira conhecida de gerar vários universos. Ninguém foi capaz de explicar de que maneira ou por qual razão essa coleção de universos variados deveria existir. Lee Smolin sugeriu engenhosamente que, se propusermos a geração de outros universos pelos buracos negros, então os universos produtores dessa grande quantidade de buracos negros teriam a vantagem seletiva de produzir sua prole, de modo que aconteceria um tipo de evolução cósmica por seleção natural.

Se cada novo universo não for uma reprodução exata do universo-pai, mas uma variação nas constantes e quantidades fundamentais, então os universos hábeis em produzir buracos negros teriam uma vantagem seletiva sobre os menos hábeis. Assim, no curso da evolução cósmica, proliferariam os universos cujos parâmetros fundamentais são precisamente ajustados para a produção de buracos negros.

Uma vez que os buracos negros são resíduos de estrelas destruídas, a evolução cósmica tem o efeito não-intencional de produzir mais e mais estrelas e, consequentemente, mais e mais planetas nos quais a vida poderia se formar. Por fim, os observadores se pareceriam com quem se maravilha diante do ajuste fino do universo visando sua existência.

O erro no cenário de Smolin - totalmente à parte de suas conjecturas não confirmadas - foi sua pressuposição de que os universos precisamente ajustados para a produção de buracos negros também seriam ajustados para a produção de estrelas estáveis. De fato, o oposto é verdadeiro: os mais eficazes produtores de buracos negros seriam os universos que os geraram antes da formação das estrelas, de modo que os universos que permitem a exstência da vida seriam, na verdade, eliminados pelo cenário evolucionista cósmico de Smolin.

Outros mecanismos sugeridos para a geração de um conjunto de mundos terminam revelando sua necessidade de ajuste fino. Por exemplo: embora alguns cosmólogos apelem para as teorias inflacionárias do universo para gerar um conjunto de mundos, temos visto que a inflação em si exige um ajuste fino.

A constante cosmológica total L(tot) é normalmente considerada tendo valor zero. Mas isso exige que a densidade de energia no vácuo verdadeiro seja mudada para zero “à mão”; não se entende plenamente por que esse valor deveria ser tão baixo. Pior ainda, a inflação exige que L(tot) tivesse sido bastante grande em algum momento, embora seja zero hoje; essa pressuposição não possui qualquer justificativa física.

Além do mais, com o objetivo de prosseguir de maneira adequada, a inflação exige que os dois componentes de L(tot) se cancelem mutuamente por meio de uma exatidão enorme, mas inexplicável. Uma mudança nas forças tanto de aG ou de aW, tão pequena como uma parte em 10 elevado a 100, destruiria esse cancelamento do qual nossa vida depende. Com relação a esse e outros aspectos, cenários inflacionários na verdade exigem a presença do ajuste fino, em vez de elimina-lo.


O que dizer da opção do acaso?

No silogismo referente ao argumento teleológico:
1- O ajuste fino do universo se deve à necessidade física, ao acaso ou ao desígnio.
2- Ele não é devido à necessidade física e nem ao acaso
3- Portanto, ele se deve ao desígnio.
ao analisar a premissa 2), já explicamos por que a opção "necessidade física" para o ajuste fino do universo não é a melhor. Um leitor nos garantiu que a opção do "acaso" era a melhor opção. Vamos analisar.

Alguém pode tentar procurar eliminar essa hipótese tanto apelando para a complexidade específica do ajuste fino cósmico quanto pela argumentação de que o ajuste fino é significativamente mais provável no Design (que pode levar ao teísmo) que na hipótese do acaso (ateísmo).

Às vezes surgem objeções de que não há sentido em falar de probabilidade da existência de nosso universo precisamente ajustado por existir, afinal de contas, apenas um universo. Mas a ilustração a seguir esclarece o sentido no qual o universo que permite a existência da vida é improvável:

Pegue uma folha de papel e coloque sobre ela um ponto vermelho. Esse ponto representa nosso universo. Agora, altere levemente uma ou mais constantes e quantidades físicas precisamente ajustadas que tem sido o foco de nossa atenção. Como resultado, temos a descrição de outro universo, que podemos representar por meio de um novo ponto perto do primeiro. Se esse novo conjunto de constantes e quantidades descrever um universo que permite a existência de vida, pinte-o de vermelho; se ele descrever um universo que impede a existência de vida, pinte-o de azul. Agora repita o procedimento arbitrariamente muitas vezes até que a folha esteja cheia de pontos. No final, haverá um mar de pontos azuis e apenas alguns pequenos pontos vermelhos. Nesse sentido é que é altamente improvável que o universo devesse permitir a existência de vida. Simplesmente existiriam muito mais universos que impedem a existência de vida em nossa área de universos possíveis do que universos que permitam existência de vida.

Pode ser levantada a objeção de que não sabemos se todos esses possíveis universos são igualmente prováveis. Com efeito, isso nos leva a afirmar que a verdadeira diversidade de valores possíveis para determinada constante ou quantidade pode ser bastante pequena. Mas mesmo que esse fosse o caso, quando temos muitas variáveis exigindo um ajuste fino, a probabilidade da existência de um universo que permitisse a existência de vida ainda é muito pequena.

Além do mais, na ausência de qualquer razão física para pensar que os valores são forçados, estamos justificados ao presumir o “princípio da indiferença” com o efeito de que a probabilidade da existência do nosso universo será igual à probabilidade da existência de qualquer outro universo representando na folha de papel.

Pode-se exigir que se responda por que deveríamos considerar apenas os universos representados na folha. Talvez haja universos possíveis detentores de variáveis físicas e leis naturais completamente diferentes das nossas e que permitam a existência de vida (fora da folha). Talvez esses universos contivessem formas de vida bastante diferentes das conhecidas. O teleologista não precisa negar essa possibilidade, pois esses mundos são irrelevantes para sua argumentação. Sua afirmação é que, no grupo local de universos possíveis (na folha), qualquer universo que permita a existência da vida é altamente improvável.

John Leslie nos dá a ilustração de uma mosca, descansando numa grande área livre de uma parede. Dispara-se um único tiro e a bala atinge a mosca. Se o resto da parede, fora da área limpa, estivesse coberto de moscas, esse tiro disparado aleatoriamente teria boas chances de atingir “uma” mosca. Todavia, permanece altamente improvável que um único tiro, aleatório, pudesse atingir “a única” mosca pousada na grande área limpa. Do mesmo modo, precisamos apenas nos concentrar nos universos representados na folha de papel para determinar a probabilidade da existência de um universo que permita vida. (continua)

Como duvidar de um Designer tão detalhista?

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Novamente, o argumento teleológico

Antes, uma explicação: pretendo fazer postagens sucessivas sobre os argumentos racionais para a existência de Deus. Como pessoas engajadas em discussões filosóficas e apologéticas deveriam saber, esses argumentos são cumulativos, e a somatória deles leva o peso da evidência não apenas em direção ao teísmo, mas finalmente em direção ao teísmo cristão.

Aqui você pode assistir William Lane Craig resumindo de modo simples o argumento teleológico (que me parece um alienígena para cristãos, céticos e pseudo-céticos).



(espero não ter que desenhar...)

domingo, 11 de abril de 2010

O Demente e o universo fisicamente necessário

Um leitor Demente (esse é o seu nick) discordou de um argumento teleológico em favor da existência de Deus, que é o seguinte:

1) O ajuste fino do universo se deve à necessidade física, ao acaso ou ao design.
2) Ele não é devido à necessidade física e nem ao acaso.
3) Portanto ele se deve ao design.

O Demente reescreveu o argumento da seguinte forma:
1- A vida, o universo e tudo o mais - inclusive o Projetista, se ele existir - se devem à necessidade física, ao acaso ou ao desígnio.
2- Eles não são devido nem ao acaso e nem ao desígnio.
3- Portanto, a vida, o universo e tudo o mais - inclusive o Projetista, se ele existir - existem devido à necessidade física.

Para ele, o ajuste fino do universo se deve à necessidade física (fisicamente, o universo tinha que ser necessariamente assim, sem opções). Em resposta, transcrevo e adapto aqui a justificativa de parte da premissa 2) de J. P. Moreland e William Lane Craig [1]

É possível que o ajuste fino cósmico seja plausivelmente atribuído à necessidade física? De forma mais simples: o ajuste fino do universo surgiu inevitavelmente por ser fisicamente necessário? Se sim, então o universo é o que é porque fisicamente tinha que ser assim, sem opções.

Fracas razões para se acreditar
De acordo com essa alternativa, as constantes e as quantidades devem ter os valores que possuem, e realmente não havia a possibilidade – ou a possibilidade era muito pequena – de o universo NÃO permitir a existência de vida. Dessa maneira, essa alternativa parece extraordinariamente implausível. Ela exige que acreditemos que um universo que impedisse a existência da vida fosse fisicamente impossível. Mas isso não parece possível.

Se a matéria e a antimatéria primordiais tivessem proporções diferentes, se o universo tivesse se expandido um pouco mais lentamente, sem que a entropia do universo fosse magistralmente maior, qualquer desses e de outros ajustes teria impedido a existência do “universo com vida”, embora tudo pareça perfeitamente possível no aspecto físico.

A pessoa que afirma que o universo deve permitir a existência de vida envereda por uma linha radical que exige provas muito fortes. Entretanto, não há nenhuma; essa opção é simplesmente colocada em evidência como mera possibilidade.

Ás vezes os físicos e filósofos da ciência falam sobre uma teoria ainda por ser descoberta chamada “teoria de tudo” (TDT), mas, assim como muitos nomes chamativos aplicados a teorias científicas, trata-se de algo bastante enganoso. A TDT na verdade tem o objetivo limitado de fornecer a teoria unificada das quatro forças fundamentais da natureza, ou seja, reduzir a gravidade, o eletromagnetismo, as forças forte e fraca ao nível da força fundamental carregada pela partícula fundamental.

Espera-se que tal teoria explique por que essas quatro forças possuem os valores atuais, mas sem tentar explicar verdadeiramente qualquer coisa. Uma das mais promissoras candidatas a TDT até hoje, por exemplo, é a “teoria das supercordas” ou “teoria M”. nessa teoria, o universo deve possuir onze dimensões, mas a razão pela qual o universo deve possuir esse número de dimensões não é abordada pela teoria.

Consequentemente, ninguém deve ser enganado por uma TDT e pensar que o universo possui todas as constantes fundamentais e as devidas quantidades por necessidade física.

Boas razões para se rejeitar
Ao contrário, existem bons motivos para rejeitar essa opção, pois ela exigiria a afirmação de que apenas o conjunto de constantes e quantidades é compatível com as leis da natureza, o que parece falso. Mesmo que as leis da natureza fossem necessárias por si sós, ainda seria preciso fornecer as condições iniciais. Como afirma Paul Davies:
“Mesmo que as leis físicas fossem singulares, não seria possível concluir que o universo físico em si fosse singular... As leis da física devem ser acrescidas das condições cósmicas iniciais... Não existe nada nas idéias atuais sobre ‘leis de condições iniciais’ que remotamente sugira sua coerência com as leis da física implicando em singularidade. Longe disso...
Parece, portanto, que o universo físico não precisa ser do jeito que é: ele poderia ter sido diferente.”[2]
A condição de entropia extraordinariamente baixa do universo primevo nos fornece um bom exemplo da quantidade arbitrária que parece ter simplesmente sido colocada na criação como condição inicial.

Além do mais, parece provável que qualquer tentativa de reduzir significativamente o ajuste fino envolverá, por fim, o próprio ajuste fino. Esse certamente tem sido o padrão do passado. Tentativas de eliminar o ajuste fino dos parâmetros W0 e H0, por exemplo, apelando aos chamados “modelos inflacionários” do universo primitivo, simplesmente suprimiram o ajuste fino nesse ponto para vê-lo surgir novamente em outro, a saber, o ajuste fino da constante cosmológica L. Essa constante – hipoteticamente conducente á expansão inflacionária – deve ser ajustada com precisão de pelo menos uma parte em 10 elevado a 53. Não razão para pensar que a apresentação da constante toda e de toda a quantidade como fisicamente necessária seja algo além de uma idéia impraticável.

Conclusão
A presença de condições iniciais do universo ajustadas com precisão pode ser explicada como resultado da necessidade física, do acaso ou do design. A hipótese de que um universo que permite a existência de vida seja “fisicamente necessário” não é apenas uma especulação sem base, mas, na verdade, vai contra as evidências.

Assim, na premissa 2), a opção “necessidade física” não se sustenta. Mas se o leitor Demente ou qualquer outro, quiser agora defender a opção do acaso, fique à vontade.

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[1] J. P. Moreland e William Lane Craig, Filosofia e cosmovisão cristã (São Paulo: Vida Nova, 2005), 589-591.
[2] The anthropic cosmological principle (Oxford: Clarendon, 1986), p. 561-5.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Isso não é Páscoa

Por que continuamos vivendo como se Ele estivesse morto?